Bolsista negra � hostilizada em atividade no campus da FGV de SP
FGV/Divulga��o | ||
Pr�dio da Funda��o Get�lio Vargas em S�o Paulo |
Uma caloura do curso de administra��o da FGV-SP, uma das faculdades mais conceituadas do pa�s, foi hostilizada dentro do campus da institui��o durante um campeonato esportivo interno, na �ltima sexta (3). Da torcida, uma pessoa ainda n�o identificada gritou para a garota, que estava na lateral da quadra: "Negrinha, aqui, n�o!".
A aluna, que tem 17 anos, faz parte do programa de bolsas de estudos da faculdade, que atende pessoas de baixa renda, numa tentativa de ampliar a diversidade na escola, diminuindo a elitiza��o. Ap�s a agress�o, o jogo foi interrompido, e parte dos alunos se mobilizou para encontrar o respons�vel pelo ato.
O caso gerou como��o entre estudantes de administra��o, que n�o conseguiram identificar quem era o agressor, porque estavam na arquibancada oposta � do curso de economia, de onde saiu a ofensa. Procurada, a FGV informou que abriu uma sindic�ncia para apurar o caso.
A garota n�o quer ser identificada e n�o quis dar entrevista. Ela est� recebendo apoio do coletivo 20 de Novembro, que re�ne estudantes negros da escola e chegou a emitir uma nota, em redes sociais, repudiando o ato. "N�o vamos admitir que atos como esse continuem acontecendo dentro dos muros da institui��o. Exigimos que a coordena��o do curso de economia apure o fato e responsabilize os envolvidos", informa parte da nota.
Ap�s a repercuss�o do caso entre o alunato, o diretor da escola de economia, Yoshiaki Nakano, tamb�m redigiu nota de rep�dio sobre o caso –divulgada entre os alunos. "Consideramos inaceit�veis e injustific�veis quaisquer a��es preconceituosas ou intolerantes e ressaltamos que estas s�o pass�veis de san��es por m� conduta, tais como advert�ncia, suspens�o ou exclus�o previstas em regimento e normas da escola", diz trecho do documento.
MOMENTO HIST�RICO
Com mensalidades superiores a R$ 3.500, a FGV (Funda��o Getulio Vargas) tem entre seus alunos os filhos de alguns dos empres�rios mais ricos do pa�s e de presidentes das maiores empresas. Desde que intensificou a oferta de bolsas a estudantes de baixa renda, h� cerca de tr�s anos, a institui��o criou uma coordenadoria da diversidade para promover a integra��o entre os alunos.
N�o h� cotas na FGV, todos os bolsistas do programa foram aprovados nos processos seletivos convencionais. Neste ano, a funda��o matriculou dois refugiados africanos, um de Camar�es e outro de Angola, que ser�o bancados por recursos oferecidos pelo escrit�rio Mattos Filho.
"Isso [a agress�o] � um marco. Estamos vivendo um momento de entrada do diferente na GV e ele tem esse tipo de recep��o por parte dos que reinaram sempre", afirmou Danilo Santos, aluno bolsista e negro, que defende a causa. A FGV declarou que "repudia qualquer tipo de discrimina��o, seja de ra�a, cor, sexo ou religi�o". A institui��o, por�m, n�o admitiu envolvimento de um de seus alunos.
"A FGV j� constituiu, de imediato, uma comiss�o de sindic�ncia para apurar os fatos, sendo prematuro fazer qualquer prejulgamento acerca destes, notadamente quanto � suposta autoria, considerando que o evento esportivo era aberto ao p�blico em geral e n�o restrito a alunos da institui��o."
Questionada pela reportagem, a institui��o n�o informou se tem imagens de c�meras de seguran�a da quadra onde ocorreu a partida. A diretoria da institui��o n�o quis dar entrevista.
Em nota, a assessoria de imprensa disse apenas que "com base na conclus�o dessa comiss�o [de sindic�ncia] ser�o adotadas todas as medidas cab�veis, inclusive junto �s autoridades constitu�das, com as quais a FGV nunca se eximiu de contribuir."
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