Ricardo Melo

Jornalista e apresentador do programa 'Contraponto' na rádio Trianon de São Paulo (AM 740), foi presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação).

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Lobolsonaro não cabe em pele de cordeiro

Capitão expulso do Exército só quer anistia antecipada para ele e famiglia

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Há algo de muito errado no Brasil de hoje. No papel, estamos numa democracia presidencialista. Caberia ao Executivo cumprir a vontade do povo. Melhorar as condições de vida da maioria.

No país em que vivemos, acontece o contrário. Todas as más notícias partem da turma do Planalto e da malta de fanáticos que a sustenta. A lista é interminável e renova-se a cada dia.

Nem precisa falar da sabotagem permanente no combate à pandemia. A informalidade no trabalho atinge níveis recordes, embora catalogada como crescimento no emprego.

O número de favelados cresce sem parar. Só 17% dos municípios têm metade das crianças acolhidas em creches. A concessão de absorventes a jovens foi cortada (esboça-se um recuo agora tamanho o escândalo...).

A inflação corre solta, assim como a fome e o desemprego. A tentativa de vender a preço de banana reservas de petróleo em áreas ambientais foi um fiasco —5% do total ofertado! As verbas para Ciência e Tecnologia foram tosadas em R$ 600 milhões para míseros R$ 80 milhões. São apenas alguns exemplos pinçados do noticiário recente.

Criou-se em setores acoelhados da mídia oficial a ilusão de que JMB (dito Bolsonaro) teria sido domesticado após o golpismo assumido em 7 de setembro. A carta escrita por outro golpista, Michel Temer, e assinada por ele seria um mea culpa dos excessos autoritários.

De idiotas bastam os bolsominions. Alguém que não eles e colunistas de aluguel acreditam que JMB possa se “regenerar”?

JMB é imune a qualquer ideia civilizatória. Seu único objetivo é salvar a si próprio e sua famiglia do cadafalso.

Se diminui o tom de voz e o volume de ameaças é porque tenta escapar da montanha de processos que pesam contra ele e sua troupe. Mas a índole, a formação, a base de apoio e a trajetória sempre falam mais forte.

Neste momento, a maior batalha do capitão expulso do Exército é moldar as instituições do Judiciário e da polícia de acordo com seus interesses. Recentemente, mudou o delegado da PF responsável pelo inquérito de Flavio Bolsonaro, o rachadão que transformava chocolates em dinheiro vivo e extorquia funcionários pagos com dinheiro público.

Agora JMB quer porque quer indicar mais um analfabeto judicial para o STF. Já conseguiu um, Kássio Nunes, cujos votos são certamente redigidos no escurinho do Planalto. Agora pretende emplacar André Mendonça, um notório algoz das liberdades nos cargos que ocupou.

O fato é que um dos Poderes altos da República, o Executivo, está entregue a uma turba de bandidos.

Além de JMB, seu braço direito, Paulo Guedes, é um especulador de segunda linha que dá entrevistas em inglês (!) para destrinchar sua fortuna no exterior. Ao mesmo tempo, dá uma banana para o Congresso que o convocou para prestar explicações.

O ministro da Saúde é um charlatão de maus modos. Do da Educação nem se ouve falar.

O da Ciência e Tecnologia é garoto propaganda de travesseiros que chegou a viajar ao redor da Terra, viu que que ela não é plana (se estava acordado...) e permanece num governo que acha que a Terra não é redonda e lhe concede uns trocados para manter o cargo.

Sobre os outros nem é preciso falar, se é que alguém sabe quem são.

Para se manter respirando, JMB entregou a alma ao tal centrão. Um amontoado de aproveitadores que, depois de eleito, só pensa na próxima eleição. O preço é cada vez mais alto. Para salvar a famiglia, JMB está disposto a pagar. Montou até um Orçamento paralelo, sua motociata fiscal.

A direita tem consciência que ele é carta fora do baralho em 2022. Até mesmo se ele multiplicar o esquema de fraudes de fake news e patrocinar a morte de mais 600 mil.

O imbróglio está em saber quem colocar no lugar. Ciro Gomes bem que gostaria, mas não inspira confiança nem nos traidores da democracia que hoje ele corteja.

Jornalistas Livres

No dia 11 de outubro, sem nenhum aviso, Mark Zuckerberg resolveu tirar do ar no Instagram o site do Jornalistas Livres, uma das maiores plataformas das redes sociais. Mais de 600 mil inscritos e mais de 1,3 milhão de seguidores no Facebook. Nenhuma explicação. Só o cancelamento.

A decisão gerou uma onda de protestos. Não por acaso. O JL é uma plataforma constituída de profissionais e colaboradores VOLUNTÁRIOS cujo compromisso é com a notícia, a liberdade de expressão, a voz dos que não têm voz, a democracia.

Muitos egressos de grandes veículos da mídia oficial ou simplesmente quem enxerga a notícia de um modo diferente.

O Instagram voltou atrás e pediu desculpas. O Instagram do JL voltou ao ar. Nem tudo é má notícia neste mundo de hoje. Longa vida ao JL.

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