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Descrição de chapéu Folha ESG mudança climática

Por que deveríamos continuar falando de sustentabilidade e não somente de ESG?

É a sustentabilidade que orienta uma visão sistêmica, responsável, ética, inclusiva e de longo prazo

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Priscila Borin Claro

Professora associada e líder do Centro de Sustentabilidade e Negócios do Insper. É mestre em Ciência Ambiental pela Universidade de Wageningen (WUR) e doutora em Administração e Desenvolvimento Sustentável pela Universidade Federal de Lavras

A urgência da crise climática, a devastação da natureza e o agravamento das desigualdades sociais tornam crucial abordar o tema da sustentabilidade organizacional.

Embora o enfoque em métricas ESG (ambientais, sociais e de governança) tenha ganhado destaque no mercado financeiro nos últimos anos, não podemos negligenciar a discussão mais ampla sobre como as organizações devem lidar com os desafios e demandas da sociedade, tendo como princípios orientadores a criação de valor compartilhado e a ética.

Aqui estão algumas razões pelas quais devemos continuar a falar sobre sustentabilidade:

Complexidade e relações sistêmicas: questões ambientais, sociais e de governança estão, na grande maioria das vezes, interconectadas. Por exemplo, a má gestão de recursos hídricos (uma questão ambiental) pode ter um impacto adverso sobre as comunidades locais (uma questão social), atrair escrutínio regulatório e ter impactos no resultado financeiro (questões de governança). Discutir apenas ESG pode levar a uma análise fragmentada e não capturar totalmente essas interconexões.

Abordagem inclusiva e baseada em evidências: a sustentabilidade abrange um espectro mais amplo de preocupações dos stakeholders e considera os desafios socioambientais definidos como prioritários pela ciência, não se limitando apenas aos parâmetros de interesse dos investidores e do mercado financeiro.

Foco: nas decisões em sustentabilidade, o foco são seus impactos na sociedade, na economia e no meio ambiente. Já no ESG, o foco é somente os riscos para o negócio e os impactos nos resultados financeiros e econômicos. A biodiversidade talvez não componha a matriz de risco de uma empresa de alimentos na atualidade, mas certamente uma empresa de alimentos gera algum tipo de externalidade nessa dimensão.

Funcionário trabalha no viveiro de mudas da re.green, empresa de restauração de florestas em Piracicaba, no interior de São Paulo; foco é gerar créditos de carbono de qualidade, vendidos por preço maior - Zanone Fraissat - 2.mar.2023/Folhapress

Resiliência empresarial: tanto a sustentabilidade quanto o ESG, teoricamente, consideram os efeitos das decisões empresariais no longo prazo. No entanto, na prática, as métricas de ESG frequentemente atendem aos interesses do mercado financeiro, que tende a ter horizontes de tempo mais curtos do que as considerações de sustentabilidade. Isso ressalta a importância de manter o foco na sustentabilidade para garantir uma visão de longo prazo e a resiliência empresarial.

Com todos os desafios globais que enfrentamos é bom que o ESG tenha vindo para ficar. É muito melhor ter o investidor e o mercado financeiro pressionando para que as organizações sejam mais transparentes e tenham resultados melhores no "E" no "S" e no "G". Afinal, as pessoas e as organizações reagem aos incentivos. Mas não podemos esquecer que, apesar de relacionados, esses conceitos têm significados diferentes.

ESG se refere a um conjunto de critérios usados para avaliar os impactos ambiental, social e de governança de uma empresa. Em contraste, a sustentabilidade diz respeito à capacidade da organização e lideranças em considerar as questões ambientais, sociais e econômicas e suas inter-relações em todas as decisões. Em outras palavras, a sustentabilidade organizacional tem como objetivo garantir que as empresas operem de maneira ética, ambientalmente correta e socialmente responsável, contribuindo para o bem-estar das comunidades em que estão inseridas.

Ao abordar uma ampla gama de questões, como a redução das emissões de gases de efeito estufa, a melhoria das condições de trabalho, a promoção dos direitos humanos e a conservação dos recursos naturais, a sustentabilidade organizacional garante também que as empresas operem de maneira lucrativa. É a sustentabilidade que orienta uma visão sistêmica, responsável, ética, inclusiva e de longo prazo.

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