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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu internet Meta Facebook

Teles afirmam que seguem em risco sem taxa extra sobre big techs

Estudo enviado para a Anatel mostra que retorno sobre capital investido segue abaixo da Selic

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Brasília

As operadoras de telefonia protocolaram um estudo na Anatel para demonstrar que seu negócio não é sustentável caso as big techs não sejam obrigadas a pagar pelo uso excessivo das redes.

Desenvolvido pelo ex-conselheiro da agência Igor Villas-Boas, hoje associado ao escritório Alvarez & Marsal, o trabalho foi enviado como contribuição do setor a uma consulta pública que discute o futuro das redes de internet diante da perspectiva de um uso cada vez maior com as aplicações advindas das novas tecnologias.

"Meta, Alphabet e Netflix concentram atualmente mais da metade do tráfego que circula na infraestrutura nacional de telecomunicações e, assim, determinam a arquitetura da rede e, em certa medida, o nível de investimento em equipamentos e sistemas de suporte das operadoras", diz Villas-Boas no estudo.

Logo da Netflix na sede da empresa, na Califórnia (EUA) - 23.jan.2018-Ryan Anson/AFP

O panorama, segundo o estudo, é semelhante em outros países, com oito empresas (Alphabet, Meta, Netflix, Microsoft, TikTok, Apple, Amazon e Disney) concentrando mais de 65% de todo o tráfego mundial da internet.

Um estudo feito pela Aliança pela Internet Aberta, que representa as big techs, mostrou que, mesmo com esse crescimento do uso das redes pelas big techs, as operadoras Vivo, Tim e Claro lucraram e obtiveram retorno sobre capital investido nos últimos dez anos em níveis equiparáveis ao dos demais setores de infraestrutura –como energia, saneamento e transportes.

O que as teles querem provar para a Anatel é que, diferentemente do que mostra a Aliança, o retorno sobre o capital investido é o que está condenando as operadoras no longo prazo.

"Enquanto nos outros países 25% do capital precisa ser reinvestido na expansão da rede para dar conta do crescimento da demanda, no Brasil esse índice é o dobro", disse Villas-Boas ao Painel S.A. "Isso compromete o retorno do capital no longo prazo, algo que não ocorre em outros países."

Segundo Villas-Boas, essa situação é muito particular do Brasil, onde as teles têm de cumprir obrigações de cobertura da rede em um país de extensão continental.

"Além disso, nenhum outro setor é tão intensivo em investimento quanto o setor de telefonia", disse. "O país nem implantou o 5G e já estamos discutindo a chegada do 6G."

Embora o Roic, sigla que indica o retorno sobre capital investido, esteja estável nos últimos anos, em torno de 9%, ele segue abaixo da Selic, a taxa básica de juros, o que significa, que as empresas, na prática, não conseguem restabelecer seus níveis de capitalização para as próximas rodadas de investimento.

Desde janeiro, a Anatel toma subsídios do setor para decidir se há necessidade de uma cobrança adicional das big techs e de outros produtores de conteúdo pela sobrecarga nas redes.

Com Diego Felix

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