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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Folhajus

Escritório que defende vítimas da Samarco sofre contestação em Londres

Advogados da empresa disseram que Pogust Goodhead não tinha representatividade; escritório nega

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Brasília

A audiência na corte de Londres (Reino Unido) envolvendo afetados pelo desastre em Mariana (MG) da Samarco, mineradora que pertence à Vale e à anglo-australiana BHP, levantou suspeitas sobre a atuação do escritório de advocacia Pogust Goodhead (PG), que representa cerca de metade das famílias vítimas do rompimento das barragens.

A contestação recai sobre a lista apresentada pelo PG que, supostamente, incluiu famílias não afetadas.

Município de Bento Rodrigues tomado pela lama logo após o rompimento de barragem da Samarco em Mariana (MG)
Município de Bento Rodrigues tomado pela lama logo após o rompimento de barragem da Samarco em Mariana (MG) - DOUGLAS MAGNO/Douglas Magno - 06.nov.15/AFP

Além disso, o escritório não teria informado a seus clientes que, caso obtenham vitória, ficará com parte da indenização como pagamento dos honorários. Também não teria mencionado que, em caso de derrota, eles terão de arcar com os custos do processo.

Shaheed Fatima, um dos advogados da BHP, declarou à imprensa especializada em Londres que cerca de 50% das famílias afetadas estavam representadas pelo PG e que não há "nenhuma evidência" de que a outra metade concorde com a representação na Justiça britânica.

"Mesmo supondo que os requerentes pudessem autorizar o PG, não há nada nos questionários que expresse isso. Não está claro se os questionários [documentos discriminando os clientes] atestam que o PG foi capaz de identificar adequadamente as identidades dos queixosos."

Tom Goodhead, CEO e sócio-administrador do PG, afirmou, em nota, que o escritório tem autoridade para representar as vítimas do rompimento da barragem de Mariana no processo movido no Reino Unido. "O escritório trabalha com o modelo de sucess fee. Ou seja, o cliente só pagará pelos honorários se o resultado do caso for positivo. Não haverá custos de processos para as vítimas de Mariana em caso de derrota."

Goodhead diz ainda que não se surpreende com os ataques da BHP, que, segundo ele, tenta impedir que as vítimas de Mariana recebam uma indenização justa por suas perdas.

"Além disso, a audiência desta quarta (19) diz respeito a cerca de 5% dos clientes, e não à totalidade dos quase 700.000 reclamantes", disse ao Painel S.A..

O caso é acompanhado de perto pelo governo brasileiro que media, por intermédio da Advocacia-Geral da União as negociações em torno de um acordo entre a União, Vale e BHP, sócias da mineradora Samarco.

A última proposta previa uma indenização total em torno de R$ 140 bilhões. Em maio, o ministro da AGU negou a proposta de reparação de R$ 127 bilhões.

Segundo a AGU, as tratativas estão em curso e serão decididas pelo desembargador Ricardo Rabelo, do Tribunal Regional Federal da 6ª Região.

com Diego Felix

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