O economista Gabriel Galípolo, que aparece nesta semana como um dos novos nomes no entorno de Lula para a eleição de 2022, já em 2018, ponderava a euforia do mercado em relação a Bolsonaro.
Em entrevista à Folha dias antes do segundo turno entre Bolsonaro e Fernando Haddad, Galípolo afirmou que via uma projeção romântica em relação ao então candidato, que liderava as pesquisas.
"Será uma lua de mel ou só uma noite de núpcias? É esse tempo que a gente precisa ver. O Brasil tem uma situação diferente dos demais emergentes: não tem mais dívida externa, volume de reservas enorme, capacidade ociosa grande", disse o economista, na época presidente do banco Fator.
Em outra analogia, usou uma metáfora circense ao qualificar o ceticismo que o mercado financeiro deveria considerar para acertar suas projeções.
"Eu gosto da metáfora do trapezista do circo. Você pode ir ao circo e achar que o trapezista voa. Mas, se ele próprio achar que ele voa, pode ser perigoso. O que eu estou ponderando é o quanto o mercado está começando a acreditar que o trapezista voa. A princípio, parecia que se tratava de uma retórica que patrocinava um candidato que o mercado entendia como mais palatável que um outro candidato. Hoje, já não me parece mais isso. Me parece que existe um convencimento [por parte do mercado] de quem realmente comprou aquela narrativa de que os problemas acabarão simplesmente combatendo a corrupção", disse Galípolo às vésperas da vitória de Bolsonaro.
Joana Cunha com Andressa Motter e Ana Paula Branco
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