A primeira sessão de 2021 da Câmara Municipal de São Paulo foi marcada por uma fala agressiva da vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos) sobre masculinidade e feminilidade, feita na presença de Erika Hilton (PSOL) e de Thammy Miranda (PL), parlamentares transexuais.
Ex-funcionária de gabinete de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Sonaira disse no plenário da Câmara que "a cada dia que passa, a agenda globalista quer desmoralizar a figura do homem. Essa agenda pretende feminilizar o homem e masculinizar as mulheres".
"O padrão de masculinidade bíblica não é de um homem machista, de um homem arrogante, não é de um homem agressivo ou ninfomaníaco. É Jesus Cristo de Nazaré, manso, servo, humilde, rei, cabeça, protetor e corajoso", continuou.
Enquanto Sonaira falava, o comentário no plenário foi "começou". Ou seja, como esperado desde o resultado das eleições, o ganho de representatividade de vereadores de direita e de esquerda geraria embates no Legislativo municipal.
Após a fala de Sonaira, Erika Hilton pediu a palavra, mas a vice-presidente Rute Costa (PSDB) pediu que ela se pronunciasse na sessão desta quarta-feira (3).
"Fui pega de supresa com um ataque tão vexatório e desequilibrado na primeira sessão. Já sabia que aconteceria, pois é dessa forma que agem esses grupos de direita que vivem da espetacularização da política, mas não na primeira sessão", diz Hilton ao Painel.
"Achei que foi um ataque a nós, sim, pois éramos os corpos trans que estavam lá, mas mais que isso, a toda a comunidade LGBT. Achei a vereadora desequilibrada emocionalmente, não estava preparada, reproduziu a lógica bolsonarista", completa.
Hilton afirma que tentará reagir a ataques do tipo "da forma mais tranquila que conseguir", para não ser usada como trampolim para a visibilidade por seus opositores.
"Não vou dar muita ousadia, mas não permitirei que nenhum grupo social seja agredido dentro de uma casa legislativa. Se esses vereadores nao compreenderem o papel de um vereador, terei que fazer o papel de professora", conclui.
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