Bobagem olhar para o retrospecto entre as seleções do Brasil e do Paraguai.
Quem permitiu à Costa Rica o primeiro empate na história do confronto não pode confiar no passado.
Nem mesmo afirmar que Dorival Júnior e seus jogadores são favoritos nesta sexta-feira (28) depois do que se viu na estreia brasileira na Copa América, e na paraguaia contra a mais refinada seleção colombiana.
Na terça-feira (2), sim, é possível desde já apontar os colombianos como favoritos contra os brasileiros.
Como seriam os uruguaios e, ainda mais, os argentinos.
Simplesmente porque a realidade é dura e o futebol brasileiro, embora recheado de bons jogadores, vive desde 2002 tantos altos e baixos, estes mais que aqueles, que impede prognósticos otimistas.
O novo técnico da CBF assumiu o time cinco jogos atrás, e pedir milagres será exagero.
As dimensões dos gramados estado-unidenses colaboram para dificultar a vida de quem ataca e facilitar as retrancas.
Faltam excepcionais meio-campistas à seleção canarinha, e, por melhores que sejam os atacantes, é preciso fazer a bola chegar a eles em boas condições.
Passado o pano, ponderadas as dificuldades circunstanciais, e admitidas as já quase históricas, há erros inadmissíveis.
Tirar Vinicius Junior, mesmo em jornada ruim, é um deles.
Manter dois volantes depois do visto no primeiro tempo contra os costa-riquenhos é outro.
Insistir com o ciscador Raphinha, mais um.
Temer escalar Endrick como titular, então, chega a ser desastroso.
O campo menor prejudicou também a Argentina contra o Chile, e os campeões mundiais jogaram bem dentro das possibilidades, contra um time superior ao da Costa Rica.
É claro que os hermanos têm o mesmo treinador e o mesmo time não é de hoje, assim como os colombianos, ou, embora menos, os uruguaios.
Parece que, além de nos faltar articuladores diferenciados, faltam-nos, ainda mais, convicções e paciência.
Repetir Tite em duas Copas do Mundo foi acerto que deu errado, também porque ele, inegavelmente bom treinador, jamais se impôs às esquisitices de Neymar e, a exemplo de Dorival Júnior, sacou Vini contra a Croácia na Copa do Qatar.
Daí cada jogo da seleção ser um teste, torneios como a Copa América virarem laboratórios e ganhá-los ser secundário.
Basta ver a diferença entre as 15 taças argentinas e uruguaias contra apenas nove brasileiras, sem relação razoável com as nossas cinco Copas do Mundo, três argentinas e duas uruguaias.
É curioso comparar como o time se comportou contra a Inglaterra e contra a Espanha, nas duas primeiras partidas de Dorival Júnior, e de lá para cá.
Ganhar de europeus havia virado um pesadelo, e o time derrotou o England Team por 1 a 0, com bela atuação no santuário de Wembley.
Depois empatou 3 a 3 com a Espanha, no igualmente reverenciado Santiago Bernabéu, a mesma Roja que mostra o melhor futebol até agora na Eurocopa.
Ao enfrentar equipes muito inferiores, como as do México, dos Estados Unidos e da Costa Rica, apequenou-se, equivaleu-se a elas, decepcionou e irritou o torcedor louco por voltar a amar a seleção.
Derrotado pela Colômbia, o Paraguai, de hierarquia semelhante aos três últimos adversários do Brasil, terá de buscar a vitória, mesmo cautelosamente, e pode oferecer espaços a Vini&cia.
O chato é constatar que, se vencer, não será zebra.
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