Isabelle Moreira Lima

Jornalista especializada em vinhos, editora executiva da revista Gama e autora da newsletter Saca Essa Rolha

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Clube do vinho vale a pena? Um guia para decidir

Guiar-se só pelo preço pode levar à frustração; mais importante é encontrar a curadoria certa

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Como escolher um vinho é, talvez, a questão mais fundamental de quem quer beber bem. Porque não se trata apenas de achar um vinho que agrada, mas de continuar encontrando novidades uma após a outra.

Difícil pra chuchu, mas há um atalho legítimo, que é deixar que um especialista te apresente novos rótulos. E já pensou ter alguém que faça isso todos os meses? É assim que funcionam os clubes de vinho.

Muitos amigos já me perguntaram se vale a pena fazer uma assinatura. A minha resposta é: vale, mas tem que achar o clube que mais tem a ver com você.

Guiar-se apenas pelo preço pode levar à frustração. Mais importante, na faixa de preço que cabe no seu bolso, claro, é encontrar a curadoria certa. Fica mais fácil saber o que vai chegar na sua casa e ter confiança de que vai ser legal quando você conhece o perfil de quem está vendendo, seu gosto, seus valores.

Há muitas importadoras com seus próprios clubes, que montam a seleção a partir de seus catálogos, como Edega, Evino, Grand Cru, Weinkeller, wine.com.br, entre outras.

As sommelières Cássia Campos (esq.) e Daniela Bravin, do Clube da Sede 261
As sommelières Cássia Campos (esq.) e Daniela Bravin, do Clube da Sede 261 - Divulgação

Antes de escolher, é preciso dar uma passeada nos portfólios, analisar os rótulos. A vantagem desses clubes de importadoras é que costumam entregar em todo o Brasil.

Há duas semanas, provei rótulos que entram nas caixas da Chez France. Há cinco diferentes opções de assinatura, da mais barata (R$ 159 por mês por duas garrafas) à mais cara (R$ 699, também por duas garrafas), passando pela que me parece um achado (R$ 429 por seis garrafas).

Na mais barata, em maio, foram enviados dois vinhos da região do Rhône, mas que são considerados Vin de France por não seguirem as regras da AOC, a denominação de origem controlada: o Famille Descombe Grenache 2021 e o Viognier do mesmo produtor. Comprados fora do clube, os mesmos vinhos saem a R$ 169 cada um. Provei os dois, são típicos, fáceis, agradáveis: o grenache dá sensação de leveza e frescor e lembra cereja; o viognier é untuoso e traz pêssego e damasco.

Esse é um clube indicado para os amantes dos vinhos da França e traz ainda uma pequena revista com fichas técnicas e informações sobre AOCs francesas. É também o caso do Le Club, da importadora De la Croix, cujo catálogo inclui preciosidades como os rótulos de Vincent Caillé, do Loire, e do Domaine Bott-Geyl, da Alsácia. Ali, as opções vão de R$ 294 (duas garrafas) a R$ 870 (seis).

Há também os clubes feitos por sommeliers, lojas ou bares, que reúnem uma coleção mais diversa, com vinhos importados por diferentes empresas, como é o caso dos projetos Beba Bem em Casa, de Patrícia Brentzel, e Vinhos Bons, de Paulo Neto.

Alguns vinhos de assinatura mensal da loja Toque de Vinho, em Pinheiros
Alguns vinhos de assinatura mensal da loja Toque de Vinho, em Pinheiros - Divulgação

A loja Toque de Vinhos, em Pinheiros, também monta caixas mensais, com apelo sazonal, e outras especiais para os feriados, e costuma mandar por WhatsApp as informações sobre os rótulos.

Já comprei mais de uma vez a caixa montada por Cássia Campos e Daniela Bravin, duas grandes degustadoras, sócias de um dos melhores bares de vinho de São Paulo, o Sede261. Elas entregam na capital e vendem no perfil do bar no Instagram a partir do dia 1º de cada mês, com entrega no dia 15.

A grande vantagem é ter justamente o crivo delas: provam um monte de coisas e escolhem seis rótulos supervariados (há sempre um clássico, um diferentão e um brasileiro), que vendem a R$ 620. Também na caixa elas enviam fichas com as informações técnicas, a história do produtor e dados sobre a região onde o vinho foi feito, que se lidos com atenção valem por um curso de vinho.

Alguns vinhos de assinatura mensal da loja Toque de Vinho, em Pinheiros
Alguns vinhos de assinatura mensal da loja Toque de Vinho, em Pinheiros - Divulgação

As fichas vêm também com indicação da ocasião de consumo e a harmonização com comida e com música. Isso mesmo, além de vinho, as duas são boas de som e quem já foi ao bar deve ter ouvido parte da playlist incrível de 50h25min que Campos e Bravin casam com suas taças.

Vai uma taça?
No friozinho deste feriado, indico três tintos macios. Começando por um garnacha, uva perfeita para aquecer pés e bochechas, o Sarah Selections Latido de Sara (Belle Cave, R$ 119), que traz notas deliciosas de fruta fresca.

Para os mais aventureiros, o Y Tu De Quién Eres (Domínio Cassis, R$ 130) é um espanhol de Manchuela feito com dez uvas autóctones (uma delas se chama teta de vaca) por uma comunidade em crowdfunding. Lembra frutas maduras e cravo.

A pechincha da semana é o Confidencial (Costazzurra, R$ 62), feito pela Casa Santos Lima em Lisboa, que é frutadinho e versátil para acompanhar comida.

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