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� rep�rter especial. Na Folha desde 1992, foi rep�rter, editor, correspondente, secret�rio de Reda��o e diretor da Sucursal de Bras�lia. Escreve �s quartas.
Apesar de iniciativas, elite continua querendo governar por procura��o
Pedro Ladeira - 4.nov.2013/Folhapress | ||
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Vista frontal do pr�dio do Congresso Nacional, sede do Poder Legislativo, em Bras�lia |
Uma das diversas belezas do sistema pol�tico brit�nico � a exigibilidade do voto para aqueles que querem ter alta fun��o p�blica. Se o sujeito quer ser secret�rio do gabinete, o equivalente aos nossos ministros, ele precisa ter sido eleito membro do Parlamento.
Claro, essa � uma condi��o b�sica do parlamentarismo; de outra forma, estar�amos falando de jabuticabas como o semipresidencialismo informal em vigor sob Michel Temer ou aquele mais estruturado ora em debate nos corredores de Bras�lia.
Seja como for, o argumento intuitivo dir� que isso exclui do topo do servi�o p�blico os supostos melhores de cada �rea. Os "Pel�s e Jatenes" do primeiro minist�rio de FHC, ainda que a realidade tenha sido meio cruel nesses casos espec�ficos.
Creio que o contr�rio � muito mais v�lido: exigir voto traria, no m�dio e longo prazos, estratos da elite econ�mica e intelectual do pa�s para dentro do sistema pol�tico. Coibiria voluntarismos.
No Brasil, elite sempre agiu por procura��o. Em 1964, deixaram os militares soltos e deu no que deu. Desde a redemocratiza��o, o processo foi sequestrado por meia d�zia de empreiteiras e uns poucos bancos, que devido a regras lenientes elegiam suas bancadas e candidatos majorit�rios.
Nada contra financiamento privado: sua proibi��o destampou uma caixa de Pandora. Faltavam regras transparentes, o que levou ao paroxismo do petrol�o, estimulado pela sede do PT de manter um condom�nio de poder. N�o deixa de ser ir�nico que Lula tenha sido um dos mais perfeitos representantes da elite que tanto combate no palanque.
Mas a constante � a aus�ncia de responsabilidade das elites. Aqui e ali surgiram, sob as asas de funda��es de bancos ou grandes empresas, iniciativas, usualmente setoriais -educa��o, sustentabilidade e outras bandeiras "do bem".
Algo mais org�nico, come�ando pela incubadora de start-ups pol�ticas Raps, emergiu nesta d�cada e desaguou nos movimentos que ganharam destaque no notici�rio: Agora!, Acredito, Nova Democracia, RenovaBR etc.
Recentemente, o modelo foi posto a teste com a candidatura de Luciano Huck � Presid�ncia, que, � moda da vi�va Porcina, foi sem nunca ter sido. O que n�o quer dizer que n�o possa vir a s�-lo, mas essa � outra hist�ria.
Huck aproximou-se do Agora!, que por sua vez percebeu o �bvio: sem estrutura partid�ria, logo voto, n�o se vai a lugar algum no Brasil. Buscaram alguma sigla mais an�dina para servir de hospedeira, e acharam o PPS: vejamos como se saem ano que vem, agora que provavelmente n�o ter�o seu puxador de votos.
Antes disso houve o Partido Novo, sigla de banqueiro que atraiu uma tucanada endinheirada, que se considera genial e n�o tem voto. A ideia est� longe de ser ruim: nomes t�cnicos dentro de uma estrutura formal. O PSDB j� sonhou em ser isso e, em alguns de seus momentos, conseguiu -s� para acordar ao lado do PMDB, PFL e afins.
Ainda antes, havia a Rede de Marina Silva. Ela fracassou em montar seu partido, confundindo "likes" com filia��es, a tempo de disputar em 2014. Teve de abrigar-se no PSB. Agora tem sigla e quer ser candidata, mas a desconfian�a sobre sua permanente abulia pol�tica talvez tenha chegado a n�veis cr�ticos.
As elites seguem de fora, procurando nomes para chamar de seus. Ao fim, pode at� ser tristemente melhor, bastando ver onde a It�lia foi parar quando sua sociedade civil resolveu lidar com as coisas usando um dos seus, um certo Silvio Berlusconi.
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