Crise da Opera��o Lava Jato estimula cria��o de 'start ups' pol�ticas
Adriano Vizoni/Folhapress | ||
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O cientista pol�tico Leandro Machado, 39, fundador do Movimento Agora!, de vi�s liberal |
A implos�o da pol�tica tradicional pela Opera��o Lava Jato estimulou a prolifera��o de grupos suprapartid�rios que procuram influenciar o debate p�blico –e, talvez, achar o nome de um candidato a presidente para chamar de seu em 2018.
Essas "start ups" pol�ticas, geralmente com 50 ou 100 membros, t�m em alguns casos apoio empresarial e a presen�a de poucas figuras com liga��es partid�rias. A maioria adota um discurso que flutua no espectro do liberalismo econ�mico e o autointitulado progressismo social.
"Este � um momento rico para o debate. O mundo pol�tico caiu", diz o cientista pol�tico Leandro Machado, 39, um dos criadores do Agora!, que re�ne 50 membros de perfis diversos, como a especialista em seguran�a p�blica Ilona Szab� e Hussein Kalout, secret�rio de Assuntos Estrat�gicos do governo Michel Temer.
O Agora! lan�ar� seu programa em junho, e as linhas gerais apontam para a defesa de um equil�brio entre Estado e iniciativa privada e liberdade individual. "N�o seremos um partido pol�tico, mas vamos apoiar candidatos", afirma Machado.
A t�tica � a mesma adotada pelo MBL (Movimento Brasil Livre), que ajudou a organizar as manifesta��es pelo impeachment de Dilma Rousseff e virou paradigma de estrat�gia digital entre ativistas –embora seja considerado muito � direita pela maioria dos novos grupos.
O MBL n�o virou partido, mas viu pol�ticos associados a seu nome se elegerem em 2016, como o vereador paulistano Fernando Holiday (DEM).
Em linha com o Agora! h� o Meu Rio, o Acredito! e o Livres, uma dissid�ncia do partido nanico PSL que adotou discurso libert�rio e teve como padrinho de lan�amento no Rio o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco –que continua filiado ao PSDB.
"Esperamos poder crescer dentro do partido", diz o presidente do PSL no Rio, Paulo Gontijo, 36. Suas bandeiras v�o do Estado m�nimo � legaliza��o da maconha.
Outro grupo, o Nova Democracia, est� focado em formular uma proposta de reforma pol�tica que permita a ascens�o de novas lideran�as. A discuss�o ora no Congresso dificulta isso, por prever cl�usula de barreira e lista fechada.
Contra a tend�ncia de n�o formar agremia��es, h� o exemplo solit�rio do Partido Novo. "O momento � �nico para todos n�s", diz o seu presidente, o executivo Jo�o Dion�sio Amo�do. Criado como "start up" em 2010, o Novo virou sigla e disputou sua primeira elei��o no ano passado, elegendo vereadores em quatro capitais.
Al�m de alergia aos mecanismos da pol�tica tradicional, os movimentos temem ter o mesmo fim da Rede da ex-senadora Marina Silva.
Ap�s ficar em terceiro lugar na elei��o presidencial de 2010 pelo PV, Marina tentou viabilizar sua sigla para disputar em 2014.
N�o deu certo, mesmo com o apoio de pesos-pesados como o banco Ita� e a ind�stria de cosm�ticos Natura, e ela virou vice de Eduardo Campos pelo PSB, assumindo a vaga de presidenci�vel ap�s a morte do candidato.
Abalada pela campanha negativa que sofreu por parte do PT, que ajudou a tir�-la do segundo turno, Marina at� conseguiu formar a Rede, mas o partido n�o tem capilaridade e a lideran�a da ex-senadora � questionada. Empres�rios simp�ticos a ela come�aram a olhar para os lados.
O exemplo mais not�rio � o de um dos fundadores da Natura, Guilherme Leal. Ele foi vice de Marina em 2010 e montou a Rede de A��o Pol�tica pela Sustentabilidade, uma incubadora de "start ups" pol�ticas que gestou o Acredito! e o Brasil 21.
O debate fora dos partidos ocorre tamb�m em entidades como o Instituto Millennium (RJ) e o Centro de Lideran�a P�blica (SP), al�m de agremia��es da �rea econ�mica, como a Casa das Gar�as (RJ).
Em 2018, apenas o Novo dever� ter um candidato pr�prio. "Vamos focar na Presid�ncia e na forma��o da bancada", diz Amo�do.
O partido tem nos quadros o ex-t�cnico de v�lei Bernardinho e j� sondou, h� algum tempo, o apresentador de TV Luciano Huck, que em entrevista recente � Folha defendeu a necessidade de ter sua gera��o ouvida.
Contra as inten��es h� a realidade. Participar da vida pol�tica hoje � tarefa para partidos estruturados.
Assim, quase todas as conversas giram sobre a viabilidade de nomes dentro de siglas tradicionais e, por exclus�o dos tempos de Lava Jato, o prefeito paulistano Jo�o Doria (PSDB) � sempre citado.
"� �timo nome", afirma Amo�do. Apesar de uma rusga entre Holiday e o secret�rio de Educa��o paulistano, o MBL apoia abertamente Doria � Presid�ncia.
Bem avaliado at� aqui, Doria hoje espera o destino de seu padrinho e tamb�m presidenci�vel, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), envolvido na dela��o da Odebrecht.
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