Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman
Descrição de chapéu União Europeia

Há luz no fim do túnel?

Vitória trabalhista no Reino Unido contrasta com avanços eleitorais da ultradireita no Ocidente

Num mundo em que a ultradireita vem obtendo avanços eleitorais significativos, o Reino Unido, remando contra a corrente, acaba de proporcionar uma vitória maiúscula para o Partido Trabalhista, de centro-esquerda. O "maiúscula" não é licença poética. Com a apuração quase concluída, os trabalhistas obtiveram ao menos 412 das 650 cadeiras do Parlamento, um incremento de 214 assentos.

O interessante é que, em termos de proporção dos sufrágios, os trabalhistas não se saíram tão melhor. Cresceram só 1,7 ponto percentual em relação à votação anterior, de 2019. O que explica o resultado é o brutal declínio dos conservadores, que perderam 251 cadeiras e 20 pontos percentuais. Basicamente, os conservadores é que foram derrotados. Perder após 14 anos no poder é esperado; a magnitude da derrota é que chama a atenção.

O novo premiê, Keir Starmer, foi competente ao liderar a mudança de curso no Partido Trabalhista, que abandou as posições mais à esquerda que abraçava quando estava sob a batuta de Jeremy Corbyn, para tornar-se uma agremiação mais centrista. A movimentação lembra a Terceira Via de Tony Blair. Sem essa "guinada" ao centro, os eleitores britânicos talvez não tivessem trocado seus deputados conservadores por trabalhistas.

O que torna esta eleição digna de nota é que, se o leitor puxar pela memória, se lembrará de que o Reino Unido foi o primeiro país ocidental a experimentar a atual onda de populismo radical de direita. Ali, o fenômeno não se deu em torno de um líder com pendores autoritários, como Trump ou Bolsonaro, mas de um tema, o Brexit. O desmembramento da União Europeia foi decidido num referendo em 2016, após campanha repleta de fake news, e efetivado em 2020.

Medidas populistas quase nunca funcionam. O Brexit piorou a economia britânica. Desde que os flertes com o radicalismo não destruam a democracia, o que não é tão comum, eles tendem a ter fôlego curto.

helio@uol.com.br

Keir Starmer fala em Downing Street após os resultados da eleição - Mina Kim/Reuters

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