Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Bons números da economia não se traduziram em popularidade para Lula

Presidente vai ser forçado a reconsiderar estratégia de governo

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É difícil afastar a sensação de que o governo Lula está meio perdido. O petista foi eleito para impedir a permanência de Bolsonaro no poder. Nisso, Lula, ou melhor, o Brasil triunfou.

O passo seguinte seria fazer um governo bom o bastante para assegurar a recondução do próprio Lula ou do petista ungido como seu sucessor. Sabendo que caminhava em terreno pantanoso —a vitória foi por um triz—, Lula negociou com o Congresso, ainda na transição, uma PEC que lhe rendeu R$ 145 bilhões extras para gastar no início da gestão. O cálculo era o de que a administração precisaria produzir resultados positivos já no primeiro ano, para não ter a legitimidade contestada.

Lula na posse de Magda Chambriard como presidente da Petrobras - Eduardo Anizelli - 19.jun.24/Folhapress

Nos indicadores, deu certo. O país cresceu em 2023 bem mais do que se previa; emprego e renda aumentaram; a inflação não saiu de controle, ainda que os preços estejam em patamar elevado. O problema —e isso pode ter sido uma surpresa para Lula— é que os bons números não se traduziram em popularidade, ao contrário até. Nisso Lula não está só. A economia americana também vai bem, mas Biden não converte isso em intenção de voto. Algo parecido ocorre na Europa.

O programa neurológico petista para esse tipo de situação é "dobre a aposta, multiplicando gastos sociais e investimentos públicos". Ainda que a estratégia possa funcionar em certos contextos, não é esse o caso do Brasil hoje. Com a PEC da Transição, Lula já antecipara o espaço para gastos que governantes guardam para o final de mandato. Pior, como os juros americanos não caíram, a folga fiscal com a qual o governo contava não se materializou.

O instinto de Lula é imprecar contra o BC e a Selic, mas, cada vez que ele faz isso, dólar e juro longo sobem, apertando mais o nó fiscal. Dólar alto vira facilmente inflação, que seria fatal para os planos do petista.

Vamos agora ver se Lula conserva pensamento flexível e capacidade de improvisar ou se é um caso perdido.

helio@uol.com.br

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