Formado em filosofia pela USP, � membro da coordena��o nacional do MTST e da Frente de Resist�ncia Urbana.
A aula de resist�ncia dos estudantes
Come�ou no Paran�. J� se espraiou por v�rios Estados do pa�s, de norte a sul. Os estudantes brasileiros ocupam mais de mil institui��es de ensino contra a Medida Provis�ria do ensino m�dio e a PEC 241. Sim, mais de mil escolas ocupadas, sendo 850 delas no Paran�, que se tornou o cora��o da resist�ncia estudantil.
Os ventos da primavera secundarista do ano passado, protagonizada pelos estudantes de S�o Paulo, voltam a soprar. Naquela ocasi�o, o movimento derrotou a famigerada proposta de "reorganiza��o escolar" do governo Geraldo Alckmin (PSDB), vencendo as velhas tentativas de desmoraliza��o e criminaliza��o da luta.
Rebeldes sem causa? Ora, as causas s�o muitas. A MP do ensino m�dio, editada sem qualquer debate com a sociedade, � a primeira delas. Representa a perda da universalidade no curr�culo, na contram�o das tend�ncias � interdisciplinaridade. Exclui das disciplinas obrigat�rias filosofia e sociologia, �reas mais abertas � reflex�o social. � a l�gica da escola funcional ao mercado de trabalho, sem espa�o para a forma��o de sujeitos cr�ticos. E isso sem qualquer discuss�o com os principais interessados, estudantes e professores.
As ocupa��es se insurgem ainda contra a PEC 241, aprovada na �ltima ter�a (25) pela C�mara dos Deputados. Essa PEC representa o desmonte da rede de prote��o social garantida pela Constitui��o de 1988. Ao propor o congelamento dos investimentos p�blicos pelos pr�ximos vinte anos imp�e um severo retrocesso nos direitos e amea�a colapsar os servi�os p�blicos, em especial a sa�de e a educa��o.
Receita in�dita, jamais adotada em qualquer pa�s do mundo, ainda menos como cl�usula constitucional. Algo assim n�o passou sequer pela cabe�a de um Carlos Menen, na Argentina, de Fujimori, no Peru, ou de FHC. Nem os magos da austeridade do FMI (Fundo Monet�rio Internacional) chegaram a tal atrevimento. Se aprovada, os ganhos do crescimento econ�mico nas pr�ximas duas d�cadas n�o poder�o ser destinados ao povo brasileiro. A sa�de, a educa��o e o futuro estar�o congelados.
Vale acrescentar que essas duas medidas s�o encampadas por um governo sem nenhuma legitimidade social, sem respaldo no voto popular. Como um rolo compressor, usando sua maioria parlamentar fisiol�gica, imp�e � sociedade um programa que ningu�m escolheu. E, afora as importantes iniciativas de mobiliza��o dos movimentos populares, a maioria ainda reage com apatia ou perplexidade.
Neste cen�rio, as ocupa��es estudantis no Paran� e em todo o pa�s s�o uma li��o de resist�ncia. Merecem a aten��o e o apoio de todos aqueles que, compreendendo a gravidade dos retrocessos em curso, querem um Brasil mais justo e democr�tico.
Aten��o que a imprensa recusa de modo espantoso. Mais de mil escolas ocupadas, um movimento de dimens�es in�ditas no pa�s e nenhum destaque midi�tico. Por seu lado, o governador Beto Richa (PSDB), que j� mostrou do que � capaz contra os professores paranaenses, incita a viol�ncia estimulando pais e outros alunos contra o movimento das ocupa��es.
No entanto, os estudantes resistem. Jovens que deixam a mensagem de que a esperan�a do futuro pode vencer o porrete e romper o sil�ncio. � preciso aprender com eles.
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