Final de ano é um momento de reflexão e balanço. Olhamos para trás e avaliamos os erros e acertos da nossa trajetória recente. A vida é um ciclo de oportunidades no qual podemos e devemos liderar pelo exemplo e ter abertura para aprender com as experiências de outros. A pandemia da Covid-19 colocou o setor hospitalar numa posição de destaque. Ao mesmo tempo, nos trouxe grandes desafios. E é quando todos os olhos estão voltados para nós que devemos mostrar a nossa vocação e o nosso preparo para cuidar cada vez mais da saúde dos brasileiros. Somos centros de acolhimento na doença, mas podemos ser muito mais.
Durante a pandemia, nos consolidamos como uma importante referência de informação idônea num momento de incertezas. Vivemos hoje uma nova realidade, em que aprender a falar "não temos ainda esse dado" é tão fundamental quanto se manifestar em prol da ciência. Segundo o Trust Barometer da Edelman, as empresas são a fonte de informação mais confiável para os brasileiros. Temos que ampliar nossa comunicação para explicar o que a medicina tem como fato e aquilo que estamos aprendendo com o avanço da pandemia.
Além do conhecimento científico, nossa humanidade também foi colocada à prova, e minha conclusão é que precisamos sair dessa crise sanitária mais fortes do que entramos, olhando mais uns para os outros, fortalecendo nossa governança interna e, externamente, precisamos ser mais socialmente responsáveis.
Uma pesquisa da PWC apresentada em agosto deste ano apontou que 62% dos entrevistados têm uma percepção mais positiva das instituições se trabalhassem ativamente para melhorar as questões sociais. E isso está sendo ouvido e percebido pelo setor. Essa mesma pesquisa aponta que o pilar social é o principal foco das empresas de saúde e farmacêuticas, desde janeiro de 2020. É uma demanda da sociedade e uma oportunidade para o setor hospitalar tomar a liderança nos âmbitos sociais, ambientais e de governança (a já conhecida sigla, ESG).
Muito já vem sendo feito para consolidar as iniciativas de ESG do setor hospitalar. O Sírio-Libanês, por exemplo, é hoje o único hospital carbono neutro do Brasil, além de ser signatário do Pacto Global da ONU. Neste ano que completamos um século desde a fundação da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês, fomos também reconhecidos com o certificado de empresa Pró-Ética pela Controladoria Geral da União (CGU), em parceria com o Instituto Ethos, conferida às instituições que adotam, voluntariamente, medidas voltadas para a prevenção, detecção e remediação de atos de corrupção e fraude, bem como respeito à livre concorrência. O Sírio-Libanês foi o único hospital brasileiro contemplado com esse reconhecimento.
Assim como vários outros hospitais no Brasil, nascemos como uma instituição filantrópica e temos um olhar social como parte fundamental da nossa operação, bem como promover um maior acesso à saúde de qualidade e ajudar a reduzir a desigualdade social do país. Nós o fazemos por meio do nosso Instituto de Responsabilidade Social, uma Organização Social de Saúde (OSS), que tem convênio para gerir cinco unidades de saúde pública. Na prática, o Hospital Sírio-Libanês gere quase a mesma quantidade de leitos públicos que privados em São Paulo. Ofertamos gratuitamente serviços ambulatoriais em onco-mastologia, pediatria e exames de imagem, em parceria com a Secretaria de Saúde do Município de São Paulo.
Liderar pelo exemplo é ir além da nossa vocação. Ser um centro de cuidado é papel dos hospitais, mas a pandemia nos mostrou que podemos ir além, reforçando nossa missão de produção de conhecimento e fomentando novas tecnologias, criando mercados para o desenvolvimento do Brasil. Nos últimos dois anos, o número de "healthtechs", empresas de tecnologia em saúde, cresceu de 248 para 542, segundo a Distrito, uma comunidade de startups no Brasil. O setor hospitalar é um importante demandador de tecnologias e aplicador de ferramentas.
Neste ano em que o nosso hospital completa 100 anos de vida, assumimos que é um momento também de reflexão, olhando para os desafios intensos que tivemos nos últimos dois anos, mas também em toda superação que acompanhamos nas últimas décadas. Que todos possam olhar para os últimos 12 meses e analisar suas conquistas, o que fizeram de errado e pensar em como ser ainda melhores neste novo ano que está por vir. Os hospitais responderam muito bem aos confrontos da pandemia e conquistaram para sempre o olhar de esperança de todos os brasileiros. Parabéns a todos os profissionais da saúde por cumprirem a sua vocação e por fazerem muito mais. Boas festas a todos e um feliz 2022.
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