Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Espertalhões tentaram truques contra vitória de Tancredo

Mesmo com teatro e conspiradores palacianos, nem sempre se chega a uma excentricidade constitucional

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Havendo teatro e conspiradores palacianos, nem sempre se chega a uma excentricidade constitucional.

Em 1984, espertalhões tentaram alguns truques contra a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. Com sua capacidade aglutinadora, ele devorou todas as tramas. Teve o apoio da maioria dos comandantes militares, sobretudo do general Leônidas Pires Gonçalves.

Tancredo viveu também outra crise, jogando com as pedras do golpe (para quem o tomou) ou do contragolpe (para quem o deu).

O presidente eleito Tancredo Neves, durante entrevista - Moreira Mariz - 11.fev.1985/Folhapress

Em novembro de 1955, estava tudo pronto. O deputado Carlos Luz, na Presidência interina da República, melaria a vitória de Juscelino Kubitschek. (O titular, Café Filho, estava num hospital.) Bastava tirar o general Henrique Lott do Ministério da Guerra, colocando no seu lugar o colega Fiuza de Castro.

No dia 9, Carlos Lacerda, o derrubador de presidentes, havia anunciado: "É preciso que fique claro, muito claro, que o presidente da Câmara não assumiu o governo da República para preparar a posse dos srs. Juscelino Kubitschek e João Goulart. Esses homens não podem tomar posse, não devem tomar posse, não tomarão posse".

Na tarde do dia 10, Carlos Luz chamou Lott ao palácio e deu-lhe um chá de cadeira de quase duas horas, ao fim do qual disse-lhe que estava demitido. Fiuza aceitou o ministério e marcou a posse para a tarde do dia seguinte.

Lott foi para casa e conversou com o comandante da guarnição do Rio, general Odylio Denys. (Ambos esperavam pelo lance.). Às 22h a tropa começou a ir para a rua. Ao fim do dia seriam 25 mil homens.

Luz decidiu embarcar com parte do governo no cruzador Tamandaré, e Carlos Lacerda foi junto. Lott mandou que as fortalezas disparassem tiros de advertência. Dois dias depois, sem víveres e com passageiros mareados, o Tamandaré voltou melancolicamente para o Rio.

Luz estava deposto e Tancredo Neves ajudou a convencê-lo a assinar uma carta de renúncia. Carlos Lacerda asilou-se numa embaixada e o presidente do Senado, Nereu Ramos, assumiu a Presidência da República. (O presidente Café Filho tentou voltar ao governo, Lott dobrou a aposta e arrastou as fichas.)

Em dez dias o general depôs dois presidentes. Em janeiro de 1956 Nereu Ramos empossou Juscelino Kubitschek. (Em outubro de 1977, quando demitiu o ministro Sylvio Frota, o presidente Ernesto Geisel fez questão de que a transferência do cargo se desse no mesmo dia. Lembrava-se de 1955).

Os advogados de Lula

No auge da Operação Lava Jato, quando Lula entregou sua defesa aos advogados Cristiano Zanin e Valeska Teixeira Martins, criminalistas de renome torceram o nariz. Eram profissionais pouco conhecidos e ela vinha a ser filha de um velho amigo do ex-presidente.

Passaram os anos e a dupla ganhou todas, até na Comissão de Direitos Humanos da ONU, conseguindo uma decisão que não tem valor prático, mas carrega forte simbolismo.

Nos próximos quatro domingos, no ócio, o signatário pesquisará os malefícios das urnas eletrônicas e das vacinas.

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