Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian
Descrição de chapéu Governo Lula

Blitz eleitoral de Lula é tentativa de reforçar seu próprio governo

Presidente quer impulsionar aliados em outubro, mas também faz campanha pela própria popularidade

Brasília

Lula nem tentou disfarçar o motivo da visita a Contagem (MG), no fim de junho. Ao lado da prefeita Marília Campos (PT), que vai disputar mais um mandato, o presidente lembrou que a lei eleitoral proíbe a presença de candidatos em inaugurações após 5 de julho. "Então, eu vim aqui hoje para poder fazer neste ano a única coisa pública com você", explicou.

O petista fez uma maratona antes que a janela se fechasse. Em nove dias, foram 11 eventos oficiais com pré-candidatos a prefeituras estratégicas. Em quase todos os atos, Lula abriu espaço para os aliados no palanque, soltou elogios e fez acenos pouco discretos, com a promessa de investimentos do governo federal.

Usar o peso da máquina pública para aumentar a exposição de um pré-candidato é uma malandragem autorizada pela lei. Lula lançou mão dessa arma para impulsionar candidaturas de sua base política, mas também para melhorar seu próprio desempenho na votação de outubro.

O presidente Lula (PT) à frente do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), durante cerimônia de entrega de unidades habitacionais na capital fluminense - Eduardo Anizelli/Folhapress

Resultados de eleições municipais não dizem muita coisa sobre a força dos presidentes. Ainda assim, todos eles preferem governar com uma rede ampla de prefeitos alinhados do que isolados pela oposição. O inevitável embate entre candidatos lulistas e bolsonaristas em municípios importantes amplia a relevância dessas disputas no caso de Lula.

A blitz do presidente nas últimas semanas indica os terrenos em que ele pretende não apenas ajudar aliados, mas também reforçar seu próprio governo. Além dos sempre disputados territórios de Minas, o petista anunciou obras em capitais como Rio, Recife e São Paulo, além de um cinturão de outras cidades paulistas.

O discurso que Lula levou aos palanques, em modo campanha, também dá uma pista de seu esforço para tentar quebrar barreiras de popularidade neste terceiro mandato. Em praticamente todos os eventos, o presidente disparou uma mensagem direcionada especificamente à população de baixa renda. "Eu não sou o pai dos pobres, eu sou um pobre que chegou à Presidência", disse, mais de uma vez.

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