Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Emprego será crucial na eleição, mas receituário é incerto

Corrida presidencial tem 13,7 milhões de desempregados em busca de propostas

Anúncios de vagas de emprego em via no centro de São Paulo
Anúncios de vagas de emprego em via no centro de São Paulo - Danilo Verpa - 17.nov.17/Folhapress

A manutenção de níveis elevados de desemprego e a criação de vagas com baixa remuneração refletem o marasmo de uma economia hesitante. As crises políticas que paralisaram o governo Michel Temer e a incerteza sobre o receituário que emergirá das urnas em outubro adiaram investimentos que poderiam consolidar o ciclo de recuperação de renda e de vagas de trabalho.

A trajetória vacilante das taxas de emprego será ponto central da eleição. Do eclético rol de presidenciáveis que se apresentaram até agora, emergem mais dúvidas do que indícios claros sobre a política econômica que estará em vigor em janeiro de 2019, com impacto sobre o trabalho e o rendimento dos eleitores.

Qual será a política de valorização do salário mínimo de Jair Bolsonaro (PSL)? Ciro Gomes (PDT) revogará a reforma trabalhista? Joaquim Barbosa (PSB) conquistará a confiança de setores que geram empregos? Geraldo Alckmin (PSDB) ampliará investimentos para recuperar contratações na construção civil?

As plataformas do futuro presidente serão determinantes, uma vez que a tímida retomada da economia durante o governo Temer não produziu números expressivos de abertura de vagas de trabalho.

O crescimento se escorou nas atividades do agronegócio e da exportação (que tradicionalmente empregam pouco), no consumo turbinado pela liberação do FGTS e na capacidade ociosa da indústria. As taxas de desocupação continuaram altas.

O debate sobre a geração de empregos alterou o curso da disputa presidencial de 2016 nos Estados Unidos. Na ocasião, a economia americana estava em crescimento, mas Donald Trump seduziu uma fatia do eleitorado insatisfeita com a depressão do mercado de trabalho ao prometer revigorar a indústria pesada.

As circunstâncias são diferentes no Brasil, mas a estagnação dos níveis de emprego mantém hoje um contingente de 13,7 milhões de pessoas sem trabalho. Muitos deles votarão em outubro e vão querer saber o que será feito por eles.

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