Na quinta-feira (16), cientistas revelaram novos dados sobre as possíveis origens da pandemia de Covid-19 —e colocaram uma criatura estranha e atarracada diretamente no centro das atenções.
Conheça o cão-guaxinim. Ele recebeu esse nome por causa de suas marcas faciais pretas, que lhe dão uma aparência mascarada e uma semelhança mais do que rápida com os infames invasores de latas de lixo urbanas no hemisfério norte.
Os animais foram vendidos pelo menos ocasionalmente no Mercado de Peixes de Huanan, onde muitos virologistas suspeitam que a pandemia de Covid pode ter começado.
Os cientistas haviam anunciado anteriormente que amostras do mercado tinham testado positivo para o coronavírus que causa a Covid. Os novos dados revelaram que algumas dessas amostras continham material genético substancial de cães-guaxinins.
As descobertas não provaram que os cães-guaxinins foram infectados com o vírus ou que o transmitiram aos humanos. Mas eles são consistentes com a possibilidade de que animais silvestres no mercado possam ter desencadeado a pandemia de Covid.
Saiba mais abaixo sobre o animal que virou notícia.
O que são cães-guaxinins?
Apesar do nome, os cães-guaxinins não são parentes próximos dos guaxinins. Eles são membros da família dos canídeos, grupo que inclui os cães domésticos, e estão mais intimamente relacionados com as raposas.
Os cães-guaxinins são onívoros, alimentando-se de fontes como roedores e frutinhas silvestres. Embora pareçam afilados no verão, eles ganham peso no inverno, quando sua pelagem também fica mais espessa. São as únicas espécies de canídeos conhecidas que hibernam e são monogâmicas, muitas vezes vivendo em pares.
Onde eles vivem?
Os cães-guaxinins são nativos do leste da Ásia, incluindo partes da China, Coreia e Japão, onde são conhecidos como "tanuki".
Eles também se espalharam por partes da Europa, onde são considerados uma espécie invasora e às vezes caçados como pragas.
Por que eles são criados e vendidos?
Os cães-guaxinins são criados há muito tempo para a produção de peles. A China é um dos principais produtores de peles de cão-guaxinim; em 2014, o país produziu mais de 14 milhões de peles, 100 vezes mais que a Europa, de acordo com um relatório.
Eles também são vendidos pela carne em mercados de animais vivos. Foram vendidos no mercado de Huanan pelo menos até novembro de 2019, relataram pesquisadores.
Eles são a fonte do vírus que causa Covid?
Não necessariamente. Experimentos de laboratório mostraram que cães-guaxinins são suscetíveis e capazes de transmitir o novo coronavírus. Mas isso não significa que eles sejam o reservatório natural do vírus. Mesmo que cães-guaxinins do mercado chinês estivessem infectados, poderiam ter sido hospedeiros intermediários, pegando o vírus de morcegos ou outras espécies.
Cães-guaxinins e morcegos eram comuns em torno de algumas das fazendas que abasteciam o mercado, observaram os cientistas.
Um cenário semelhante pode ter ocorrido duas décadas atrás, após o surgimento da Sars, também causada por um coronavírus. Em 2003, os cientistas encontraram evidências de civetas de palma e cães-guaxinins infectados em um mercado de animais vivos em Shenzen, na China. Mas pesquisas posteriores apontaram os morcegos como o reservatório natural do vírus que causa a Sars; os guaxinins parecem ser hospedeiros intermediários.
Posso acariciar um cão-guaxinim se vir um?
Provavelmente não é uma boa ideia, por mais tentador que seja. Além da Covid, os animais são conhecidos como vetores de outras doenças, incluindo a raiva. A Sociedade Real para Prevenção de Crueldade com Animais recomenda não manter cães-guaxinins como animais de estimação.
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
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