Terceira via, no Brasil, na verdade nunca houve.
Desde a invasão do Brasil por europeus.
Perguntem a um indígena, hoje, em 2022, se há uma terceira via na política brasileira. Pergunte a uma pessoa preta.
Aqui tudo sempre foi Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro.
É exótico ver senhores distintos escrevendo e crendo em um terceiro modo de ver as coisas. Colocando carroça na frente dos bois.
Antes de termos uma terceira via, ou muitas outras vias, temos que resolver nosso problema básico.
Você quer viver ou morrer?
Nunca houve chance para uma terceira via em 2022 porque as eleições deste ano são a continuação de uma história que, para petistas, começou com, segundo eles, uma perseguição ao partido, à esquerda quando ela chegou ao poder, e que culminou no impeachment da presidenta Dilma e a prisão do ex-presidente Lula. Para petistas, metade de uma justiça foi reestabelecida. Faltam a punição para todos os envolvidos no golpe de 2016 e a gloriosa volta de Lula ao cargo mais alto do executivo para, segundo eles, o país tornar a avançar nos campos progressistas.
Os que acham o parágrafo acima um absurdo, podem, para não ver o PT voltar ao poder, votar no que for.
Já os Bolsonaristas, acham que o PT foi o partido que mais praticou corrupção em um país já corrupto desde sempre. E que, pela primeira vez, com Bolsonaro, teríamos, desde os militares, um governo finalmente honesto, disciplinado e ordeiro. Para Bolsonaristas, tudo o que de ruim está acontecendo hoje é culpa do PT, e por isso, ele não pode voltar ao poder.
Os que acham o parágrafo acima um absurdo, podem, para não ver Bolsonaro ficar no poder, votar no que for.
Ao contrário do que diz certa intelectualidade brasileira, sempre horrorizada com polarizações, entender que existem dois lados, e que é necessário posicionar-se, é fundamental para nosso amadurecimento como cidadãos.
E também como pessoas, porque o parágrafo acima, não serve só para política. Serve para tudo nesta vida. Ou mostra que, na vida, tudo é política.
Horrorizar-se com polarizações é um privilégio. Indígenas, pretos, pobres e periféricos nunca foram contemplados com o gosto doce de uma vida complexificada com cobertura de morango e chocolate.
Há modos menos constrangedores de demonstrar covardia, apreço por seus privilégios, e falta de personalidade do que não se posicionar-se, hoje, no mundo.
Escolha um.
Ou pergunte para um indígena, um preto, ou um pobre como faz para ter coragem.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.