Combater a pobreza e a exclusão social enquanto contribui para a capacitação profissional dos detentos. Esses são alguns dos objetivos de um projeto de hortas verticais recém-inaugurado no estabelecimento prisional de Torres Novas, no Centro de Portugal.
A iniciativa é composta por 40 torres modulares especiais, com até 3 metros de altura cada uma, com possibilidade de cultivos de legumes e verduras diversos. Parte do material colhido nas hortas servirá para consumo na própria prisão, enquanto o restante da produção será distribuído gratuitamente para cerca de 100 famílias carentes da região.
Além de contribuir para a segurança alimentar, com o acesso a alimentos frescos e saudáveis, o projeto também irá capacitar 41 reclusos em fase final do cumprimento de pena, que receberão uma certificação em técnicas de agricultura sustentável.
As torres verticais usadas na iniciativa contam com um sistema avançado de cultivo, pensado principalmente para espaços limitados em meios urbanos. Elas usam o chamado cultivo aeropônico, em que a produção acontece sem terra.
Nessa técnica, as plantas são suspensas e alimentadas com uma solução mineral, composta por água misturada com nutrientes naturais. De acordo com os responsáveis, o cultivo nas torres garante uma economia de 95% no uso de água e de 90% em espaço, em comparação com a agricultura tradicional.
Os reclusos que concluírem a participação no programa receberão uma formação certificada pelo Centro Protocolar da Justiça em "Modos de Produção Agrícola e Agricultura Sustentável", complementada por três módulos em "Agricultura Vertical", "Permacultura" e "Compostagem".
Batizado como "Horticultura Vertical, Solidariedade Horizontal", o programa é liderado pela organização sem fins lucrativos portuguesa Abundant Quotidian Associação (Upfarming), especializada em soluções agrícolas para ambientes urbanos.
Segundo o projeto, o trabalho na prisão tem como ponto de partida "a premissa de que o acesso à alimentação adequada é um direito humano fundamental básico, ligado intrinsecamente à dignidade humana e à inclusão social".
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