Biniam Girmay, da Eritreia, se tornou nesta segunda-feira (1) o primeiro negro a vencer uma etapa das 111 edições do Tour de France, a mais importante competição de ciclismo de estrada do mundo.
A conquista aconteceu em uma disputa de sprint, ao fim dos 230 km da terceira etapa, entre as cidades de Piacenza e Turim, no norte da Itália.
Ao ser entrevistado pela TV oficial do evento, Girmay se emocionou. "Vencer em minha segunda participação no Tour, em um grande sprint, é inacreditável. Todos eritreus e africanos, temos que nos orgulhar, agora somos parte da elite", disse o ciclista de 24 anos enquanto limpava as lágrimas.
Girmay já havia deixado seu nome na história ao vencer uma etapa do Giro D’Italia, em 2022, competição que também não havia sido vencida por um africano negro até então.
Formado majoritariamente por ciclistas europeus, a elite do pelotão profissional de ciclismo é quase totalmente branca. Nenhum africano negro havia participado do Tour até 2015, quando os também eritreus Daniel Teklehaimanot e Merhawi Kudus conseguiram furar a bolha. Nenhum dos dois venceu, mas naquele ano Teklehaimanot vestiu a disputada camisa de bolinhas vermelhas do Tour de France, reservada aos melhores escaladores (ciclistas mais rápidos nas longas subidas).
Se considerarmos a grande influência africana e indígena na formação das populações modernas dos países latino-americanos, vemos também o equatoriano Richard Carapaz e os colombianos Egan Bernal e Nairo Quintana como parte da minúscula porção de ciclistas miscigenados em meio à elite branca do Tour. Nairo, inclusive, já venceu 3 etapas —talvez por isso a maioria da mídia esportiva preferiu dizer que Girmay foi "o primeiro negro africano a vencer etapa do Tour".
Para quebrar ainda mais a hegemonia branca, o pelotão largará a quarta etapa, nesta terça-feira (2), com Carapaz vestindo a camisa amarela (líder na soma de tempo). Serão 130 km entre Pinerolo (norte da Itália) e Valloire (sudoeste da França). A prova começa às 13h (8h em Brasília).
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