Funcionários administrativos do consulado do Brasil em Lisboa, cidade no exterior com o maior número de eleitores brasileiros, mantiveram o pré-aviso de greve para um período coincide com o primeiro turno das eleições, em 2 de outubro.
Como o planejamento e a organização das eleições na capital portuguesa são de responsabilidade do consulado, existe o temor de que a greve possa prejudicar o andamento do pleito, que terá o recorde 45.273 eleitores em 2022: um aumento de 113,6% em relação a 2018.
Em assembleia na noite de segunda-feira (19), os trabalhadores decidiram avançar com a paralisação no período entre 28 de setembro e 7 de outubro. O pré-aviso de greve foi comunicado ao Itamaraty e ao ministério de Negócios Estrangeiros de Portugal na última sexta-feira (16).
O grupo, que não tem reajustes salariais há 15 anos, reivindica aumentos nos vencimentos, a exemplo do que aconteceu com funcionários que exercem função similar na embaixada brasileira em Lisboa, que tiveram os salários reajustados em julho.
Em nota, o consulado afirmou que "acompanha atentamente o tema" e negou que a greve possa afetar a realização das eleições.
"A greve não afetará as eleições, uma vez que em Lisboa haverá 58 urnas, e já foram convocados pelo TSE [Tribunal Superior Eleitoral] 232 mesários. O número de auxiliares administrativos contratados localmente pelo consulado que encaminharam o aviso prévio de greve é de 25", diz o texto.
A paralisação também pode afetar o atendimento ao público na já sobrecarregada repartição, que é peça central no fornecimento de serviços à crescente comunidade brasileira no país.
Segundo os últimos dados do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), há cerca de 252 mil brasileiros com residência legal no país. Como as estatísticas não incluem quem está em situação irregular e nem quem tem dupla cidadania portuguesa ou de outra nação da União Europeia, estima-se que haja pelo menos 400 mil brasileiros em Portugal, um país de aproximadamente 10 milhões de habitantes.
Em agosto, funcionários do consulado de Portugal em São Paulo também ameaçaram uma paralisação de atividades. O grupo enfrenta salários defasados por conta do congelamento do valor de conversão do euro em R$ 2,60: quase metade do valor atual nas casas de câmbio. O pré-aviso de greve foi cancelado após uma reunião com representantes do ministério responsável.
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