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Mensageiro Sideral - Salvador Nogueira
Salvador Nogueira
Descrição de chapéu Rússia

Índia passeia pela Lua, Rússia recolhe cacos e Japão inicia jornada

Em oito dias, tivemos eventos marcantes para missões lunares de três países

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Depois da emoção da alunissagem realizada na última quarta-feira (23), a missão indiana Chandrayaan-3 segue avançando de forma perfeita. Na quinta (24), o rover Pragyan desceu por uma rampa dobrável do módulo de pouso Vikram e já perambula pela superfície lunar.

Logo após a deposição do veículo de seis rodas sobre o solo, ele avançou por cerca de oito metros e teve ligados seus dois instrumentos, um espectroscópio a laser capaz de determinar a composição química da superfície lunar e um espectrômetro de raios X que detectará a presença de elementos como magnésio, alumínio, silício, potássio, cálcio, titânio e ferro no solo e nas rochas da região de pouso. Segundo a Isro, agência espacial indiana, os instrumentos no Vikram e no módulo de propulsão deixado em órbita também estão operando normalmente.

Esse é apenas o começo de um trabalho que terá uma duração total de cerca de 14 dias, com a expectativa de que o rover possa viajar por uma distância de até 500 metros do módulo de pouso, alimentado por um painel solar que curiosamente se posiciona na vertical –lembre-se de que a sonda está próxima ao polo sul lunar, de onde o Sol é visto bem baixo no horizonte (a exemplo do que ocorre nos polos terrestres).

Imagem divulgada pela Isro revela a descida do rover Pragyan, da missão indiana Chandrayaan-3, à superfície da Lua, em 24 de agosto
Imagem divulgada pela Isro revela a descida do rover Pragyan, da missão indiana Chandrayaan-3, à superfície da Lua, em 24 de agosto - Isro/France Presse

A duração, por sinal, é limitada pelo dia lunar –assim que o Sol finalmente se puser na região do pouso, os painéis não gerarão mais energia e as temperaturas despencarão a níveis inferiores a -200 °C. Sem sistemas internos capazes de manter os circuitos aquecidos, tanto módulo de pouso quanto rover devem parar de funcionar, pondo fim a uma gloriosa quinzena para o programa espacial indiano.

Esse não foi, contudo, o único destaque na exploração lunar na semana que passou. Pelo que largamente se configurou como uma coincidência, três países dividiram atenções com missões destinadas ao satélite natural da Terra. Além da Índia, tivemos também a malfadada missão russa Luna-25, que terminou com uma falha precoce e constrangedora no sábado passado (19), em manobra de ajuste de órbita antes da tentativa de pouso.

Na sexta-feira (25), o diretor-geral da Roscosmos, agência espacial russa, Yuri Borisov, esteve reunido com a equipe da missão na sede da NPO Lavochkina, companhia responsável pelo projeto. Lambendo as feridas, ele disse que a falha, ainda não esclarecida, servirá de aprendizado para futuras empreitadas. "Não há necessidade de transformar isso numa tragédia, precisamos tirar conclusões e continuar a trabalhar", disse.

De acordo com Borisov, uma das possibilidades para a continuação do programa lunar russo é a repetição do esforço de pouso na região do polo sul, com uma versão aprimorada da espaçonave, em dois a três anos –algo que a Índia também teve de fazer, depois do fracasso da Chandrayaan-2, em 2019.

Por fim, há o Japão, que pretendia lançar sua missão lunar Slim na última sexta, mas o mau tempo no Centro Espacial de Tanegashima acabou empurrando o lançamento para a noite de domingo (27), pelo horário de Brasília. Pegando um caminho longo até a Lua, a espaçonave só deverá tentar fazer sua alunissagem em alguns meses, o que pode tornar o Japão a quinta nação a realizar tal feito com sucesso. A conferir.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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