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Salvador Nogueira
Descrição de chapéu mudança climática clima

IBM e Nasa se aliam para aplicar IA ao estudo do clima

Modelo de inteligência artificial será treinado com dados de satélites

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A empresa americana IBM e a Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, firmaram na última quarta-feira (1º) um acordo de colaboração para usar inteligência artificial na investigação de impactos causados pelas mudanças climáticas. É basicamente o esforço para criar uma espécie de "ChatGPT do clima", por assim dizer.

Não, não será um aplicativo que, ao ser perguntado, dará respostas articuladas e engraçadinhas em texto sobre questões climáticas. Mas será um equivalente, só que para dados geoespaciais, da inteligência artificial que ganhou fama em tempos recentes.

O ChatGPT é um modelo de processamento de linguagem natural –basicamente um sistema treinado com imensas quantidades de dados (no caso, textos) para produzir respostas que o aproximassem ao máximo da fluência com que os próprios humanos se comunicam.

O projeto que reúne IBM e Nasa será parecido, também um modelo fundacional de IA, mas em vez de se concentrar em linguagem, ele será treinado com imensas quantidades de dados de satélites da agência espacial americana. É a primeira vez que a tecnologia de modelos fundacionais de IA será aplicada aos produtos de observação terrestre da frota satelital que a Nasa mantém em órbita, das séries Landsat e Sentinel-2.

Imagem de satélite mostra a Terra inteira, com a América do Sul em destaque
Imagem da Terra capturada pela câmera Epic, da Nasa, no satélite Dscovr, da Noaa. - Nasa

A partir de uma montanha de petabytes de dados sobre as quais seres humanos não teriam chance de se debruçar totalmente, o sistema será capaz de identificar mudanças na localização de desastres naturais, além de estabelecer parâmetros de rendimento para culturas agrícolas e a verificação da saúde de habitats naturais, entre outras aplicações. Em resumo, o sistema servirá para acompanhar de forma detalhada tudo que acontece no planeta e pode ser observado do espaço.

A cooperação também prevê o uso de um modelo de linguagem natural criado pela IBM, à moda do ChatGPT, mas para lidar com a literatura de geociências. Ele foi treinado com quase 300 mil artigos científicos e poderá ajudar pesquisadores da Nasa a encontrar novas informações e referências relevantes para seus trabalhos.

Os dois parceiros também cogitam a construção de um terceiro modelo fundacional de IA focado em previsões climáticas, aplicação que pode se tornar muito importante diante dos desafios impostos pela crise do clima em curso. Com eles, será possível ganhar ainda maior precisão em esforços de mitigação dos efeitos do aquecimento global, bem como na compreensão de como o planeta irá evoluir diante de nossos esforços (sabidamente incipientes no momento) de conter as transformações deletérias por meio da redução das emissões de gases-estufa.

Como se vê, a inteligência artificial avançada, que durante décadas não passou de uma especulação futurista, está chegando a um ponto em que vai afetar todos os ramos de atividade humana. É difícil prever quais serão todos os impactos, exceto que serão colossais e que mudarão para sempre como vemos a própria humanidade –bem como o planeta que ela habita e transforma.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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