Como contei numa reportagem publicada há pouco nesta Folha, as fêmeas de golfinhos com filhotes também parecem usar uma forma de "mamanhês", termo informal usado para designar a maneira peculiar que usamos -- nós e elas -- para emitir sons direcionados a bebês/filhotes. Um detalhe extremamente fofo que não coube no texto original tem a ver com teoria musical, por incrível que pareça: as diferenças de "contorno" entre as vocalizações "normais" e o "mamanhês" das fêmeas de cetáceos também tem a ver com isso. É o que explico agora.
O chamado "contorno" nada mais é que o tipo de variação entre notas graves e agudas numa melodia ao longo do tempo. Bem, acontece que uma das características do mamanhês é justamente um "contorno" mais elástico, mais amplo, embora haja a predominância das "notas" agudas na vocalização.
Sabe o que isso me lembra? A peixinha Dory de "Procurando Nemo" tentando falar baleiês. Ou, se você parar pra pensar, qualquer mãe humana brincando com seu bebê. Fofo demais.
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