Dados obtidos por pesquisadores da Universidade de Haifa e da Universidade Hebraica de Jerusalém ajudam a pintar um quadro um pouco mais completo sobre como práticas que poderíamos chamar de "protomonetárias" - o uso de metais preciosos, como a prata, em trocas comerciais - começaram a se espalhar pelo mundo antigo. Curiosamente, as novas informações vêm de cidades da Idade do Bronze muito conhecidos dos leitores da Bíblia: Siló, Megido e Gezer.
Os detalhes estão num trabalho publicado recentemente no periódico especializado Journal of Archaeological Science. No estudo, assinado por Tzilla Eshel, Ayelet Gilboa e outros pesquisadores, a equipe analisou locais em que fragmentos de prata foram armazenados durante o fim da Idade do Bronze Médio e o começo da Idade do Bronze Tardia (ou seja, mais ou menos entre 1700 a.C. e 1400 a.C.).
Antes dessa época, o uso protomonetário da prata só existia em poucas regiões do mundo antigo, como a Mesopotâmia e a Síria. A partir do fim da Idade do Bronze Médio, a prática parece ter se espalhado, com o uso de pedaços do metal não trabalhados ou reciclados de joias e outros objetos para facilitar e padronizar as trocas comerciais.
Por meio de impurezas na prata -- como a presença de uma certa quantidade de chumbo, por exemplo -- os especialistas conseguiram mostrar que boa parte do metal não trabalhado, também designado com o termo de origem germânica "hacksilber", estava vindo da Anatólia (atual Turquia). Isso porque não havia fontes nativas de prata na antiga Canaã (a área hoje corresponde a Israel e aos territórios palestinos).
O trabalho também mostrou conexões comerciais com a ilha de Chipre e os gregos micênicos (a primeira fase da civilização helênica). As moedas cunhadas propriamente ditas só apareceriam vários séculos depois, assim como o povo israelita, que ainda não tinha se estabelecido na região como grupo étnico distinto.
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