Chegou às mãos deste escriba um livrinho precioso, um dos primeiros cujo objetivo é mostrar a riqueza do passado profundo do Brasil para o público infantojuvenil. Trata-se de "Rentchin" (editora Telos), escrito pelo bioantropólogo Rodrigo Elias de Oliveira, da USP, e belamente ilustrado pela artista Nat Grego. A imagem abaixo, creio, diz (quase) tudo.
O casamento entre desenhos e texto é tremendamente harmonioso, tal como deve ser em qualquer bom livro voltado para as crianças. Dá vontade de passar horas olhando as belas e extremamente precisas reproduções de artefatos arqueológicos encontrados em sítios do Brasil todo (acima, por exemplo, vemos, à esquerda, desenhos típicos de vasos da ilha de Marajó, enquanto a direita temos uma urna funerária antropomórfica, ou com forma de gente, do Amapá). Não tem uma página que seja feia nesse livro, gentil leitor.
O personagem-título, o jovem indígena Rentchin (ou Jonas, quando está fora da sua aldeia), vive numa grande reserva da mata atlântica entre São Paulo e o Paraná e começa sua jornada como um curumim curioso, que quer usar tanto o conhecimento ancestral de sua etnia quanto a ciência que aprende na escola para compreender seu passado.
O texto de Oliveira mistura com muita habilidade o lado lírico das descobertas de Rentchin com boas explicações sobre os principais elementos que os arqueólogos usam para reconstruir o passado profundo, como a análise de pinturas rupestres, de artefatos de pedra e cerâmica ou das marcas deixadas por hábitos ou doenças nos esqueletos humanos. Recomendadíssimo!
Para quem quiser saber mais sobre o trabalho do bioantropólogo, vale conferir esta coluna que escrevi na Folha e também uma reportagem que fiz para a revista National Geographic Brasil.
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