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Contra a inflação

BC autônomo decorre da repulsa da sociedade brasileira ao descontrole de preços

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Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central - Mathilde Missioneiro/Folhapress

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As instituições estão funcionando. O presidente da República esbraveja contra organizações de Estado que frustram seus desejos, e o resultado do embate pode acabar se revelando um tiro no pé das pretensões de reeleição do mandatário.

O mecanismo funcionou com Jair Bolsonaro (PL) e se mostra efetivo com o seu sucessor. O populismo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora não ameace a democracia como o do seu antecessor, coloca em risco o crescimento da renda e do emprego de dezenas de milhões de brasileiros.

O festival de desafios à racionalidade administrativa começou ainda antes da posse, quando o presidente eleito liderou a negociação por um acréscimo a descoberto de quase R$ 200 bilhões nos gastos federais de 2023. Primeiro arrombou a porta e deixou para depois uma promessa vaga de consertá-la.

O impulso da gastança pública, numa economia que há alguns trimestres superou a depressão da pandemia, naturalmente levou os agentes econômicos a preverem elevação de preços à frente. O descrédito do PT, cujas ideias pariram o descalabro recessivo de 2014-2016, também ajudou.

Já empossado, Lula barrou a correção tempestiva nos subsídios eleitoreiros que Bolsonaro irresponsavelmente havia aplicado aos combustíveis. A piora nas expectativas inflacionárias naturalmente prosseguiu, afetando não só as previsões para 2023, mas também para 2024, 2025 e 2026.

Como ninguém é obrigado a emprestar dinheiro barato a um devedor descontrolado, os credores do Tesouro exigiram mais juros para rolar a dívida federal. Nos leilões atuais, o governo compromete-se a pagar quase 6,5% ao ano acima da inflação, até 2055, a quem emprestar-lhe recursos.

O Banco Central, que apenas reconheceu a degringolada da perspectiva inflacionária em sua última reunião, tornou-se alvo das saraivadas de Lula. A autonomia operacional do órgão, fixada em lei há quase dois anos, figura nas falas sem pé nem cabeça do petista como sabotadora do crescimento.

Na primeira reunião do BC comandado por um nomeado de Lula em 2003, a Selic subiu de 25% para 25,5% ao ano. Tanto aquela decisão como a que na semana passada manteve a taxa em 13,75% seguiram a mesma técnica e perseguiram o mesmo objetivo de defender o poder de compra do real.

Quando Dilma Rousseff (PT) tentou interferir nessa lógica, baixando os juros do BC à revelia do que ocorria na economia, apenas alimentou o dragão inflacionário e teve de recuar bruscamente.

O BC legalmente autônomo, portanto, é decorrência natural da cristalização da repulsa à inflação na sociedade brasileira. Investir contra ele, para um presidente, é flertar com o fracasso econômico, que sempre transborda para a impopularidade do governante.

editoriais@grupofolha.com

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