Até outro dia, quem resolvesse se exilar numa ilha deserta pagaria excesso se levasse na bagagem todos os discos, livros e filmes que o acompanhariam pelo resto da vida. Hoje, nosso isolamento anti-Covid tem pelo menos essa vantagem. No item discos, precisamos apenas de um trequinho capaz de capturá-los no streaming, no YouTube, na nuvem ou sei lá onde —está tudo ao alcance de um clique, não?

Leitores me pediram uma lista dos discos de jazz que eu levaria para a dita ilha. Respondi que a música se regula muito pelo emocional e que, às vezes, nosso gosto tem mais a ver com o que ela nos evoca do que com a sua qualidade. Donde qualquer lista será perfeita apenas para quem a fizer —ninguém é obrigado a se emocionar com as lembranças alheias. Portanto, e sugerindo que o leitor faça a sua própria lista, aí vai, modestamente, a minha.

Pelo adiantado da hora, eu deixaria para outra vez as maravilhas do jazz anteriores a 1940 e, apanhando só o que estivesse mais à mão, levaria "Live in Santa Monica 1960", com Gerry Mulligan e a Concert Jazz Band; "Basie in London", com Count Basie; "The Complete Paris Sessions", com Clifford Brown; "Mingus Ah Um", com Charles Mingus; "The Genius After Hours", com Ray Charles; "Time Out", com Dave Brubeck; "European Concert", com o Modern Jazz Quartet; "Art Blakey Jazz Messengers with Thelonious Monk"; e "Getz/Gilberto", com Stan Getz e João Gilberto.

Com mais tempo para procurar, eu pegaria também "A Handful of Modern Jazz", com Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Miles Davis; "Ballads", com John Coltrane; "Concert by the Sea", com Erroll Garner; "'Round Midnight", com Miles Davis; "Charlie Parker with Strings"; "Dizzy Gillespie & Gil Fuller in Monterey"; "Art Pepper + Eleven"; e "Duet!", com Earl Hines e Jake Byard.

Não, não me esqueci de Benny Carter, Bud Powell, Bill Evans. Foi a correria para pegar o barco.