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É jornalista e vive em Nova York desde 1985. Foi correspondente da TV Globo, da TV Cultura e do canal GNT, além de colunista dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo.

Descrição de chapéu Eleições EUA

Joe Biden diz que fica na campanha, mas erosão de apoio aliado é evidente

Políticos começam a mostrar a cara pedindo ao democrata que salve o legado real e progressista de sua Presidência

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Não são mais sinais de fumaça, são visíveis e múltiplos focos de incêndio. A candidatura de Joe Biden, ferida pelo desempenho debilitado e errático do presidente no debate com Donald Trump, na quinta-feira (27), é abertamente questionada por seus aliados e admiradores.

Nesta quarta (3), um amigo (da onça?) do presidente vazou para o jornal The New York Times uma conversa imediatamente interpretada como o momento em que ele jogou a toalha. Biden teria admitido que não poderia mais disputar a reeleição se não convencesse logo o público de seu vigor e competência mental para completar um segundo mandato.

O presidente dos EUA, Joe Biden, em cerimônia na Casa Branca, em Washington - Reuters

Em poucas horas, a Casa Branca negou a versão do Times, afirmando para membros da campanha e para a imprensa reunida na entrevista coletiva diária que Biden continuava candidato.

Mas novas pesquisas realizadas após o debate registram aumento da vantagem do republicano Donald Trump sobre Biden.

Doadores ameaçam secar a torneira de financiamento. Políticos democratas eleitos, que só se manifestavam no anonimato, começam a mostrar a cara pedindo a Biden que salve o legado real e progressista de sua Presidência de uma agenda de terra arrasada com uma vitória de Trump.

No topo das preocupações de deputados, senadores e governadores está a ameaça de um presidente letárgico contaminar as outras disputas legislativas e entregar o apertado controle do Senado aos republicanos.

É um cenário dantesco para qualquer eleitor –democrata ou republicano— que defenda a democracia constitucional e a independência entre os Três Poderes: Câmara, Senado e Casa Branca dominados por Trump, com o ativismo de seus seis juízes-engraxates na Suprema Corte desmontando a República.

Os argumentos para Biden sair da corrida adquiriram um tom mais urgente depois que a Suprema Corte pisoteou a Constituição e decidiu que a imunidade de Donald Trump, alvo de dezenas de acusações de crimes, é comparável à de um monarca.

Depois da vitória na Suprema Corte e energizado pela impunidade com que conseguiu mentir repetidamente sobre fatos da sua Presidência no debate —pandemia, economia, invasão do Capitólio—, Trump passou a fazer ameaças mais agressivas contra seus inimigos.

Como um porcino personagem de caricatura rabelaisiana, Trump fantasia sobre cenários como o da ex-deputada republicana Liz Cheney no banco dos réus por traição num julgamento transmitido ao vivo pela TV.

Joe Biden desistiu de duas candidaturas presidenciais. Em 1988, ele saiu depois de ser flagrado copiando –por descuido, não malícia— passagens do discurso de um político britânico. Imaginem, em 2024, este mau passo ser punido na política americana! Na segunda vez, saiu cedo nas primárias e foi recompensado com a vice-presidência por Barack Obama.

No passado, como agora, seu sistema de suporte e de decisões é tribal, reduzido a um grupo de parentes próximos e amigos de várias décadas. Essa atmosfera rarefeita pode ter contribuído para o presidente octogenário não compreender o impacto dos sinais de seu envelhecimento entre os eleitores.

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