Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.
Novo imperador e Olimpíada motivam Japão para novos tempos
Superação da tragédia de Fukushima é uma das metas para Tóquio-2020
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A potente visibilidade dos Jogos Olímpicos permite ao organizador do evento a oportunidade de mostrar ao mundo suas capacidades e virtudes. Com a responsabilidade de abrigar a Olimpíada de Tóquio-2020, o Japão não foge à regra.
Os preparativos olímpicos criam uma expectativa sobre as chances de sucesso dos Jogos. Essa postura é adotada quase sempre por anfitriões do evento, que parecem preferir ignorar adversidades.
Enfim, a Olimpíada é a maior confraternização esportiva do planeta, reunindo num mesmo momento representantes dos 206 comitês nacionais que integram o COI (Comitê Olímpico Internacional).
No caso dos japoneses, o clima de comemorações é precedido por outro evento de peso: a passagem do trono do imperador Akihito para o seu filho Naruhito, que assume neste 1º de maio como o 126º representante da monarquia hereditária mais antiga do mundo, fundada em 660 a.C.
Além disso, neste ano, o país também promoverá a Copa do Mundo de Rúgbi, com início em setembro, competição de grande repercussão.
Uma grande preocupação do país está focada na recuperação da catástrofe de 2011, quando terrível terremoto provocou tsunami, com estimativa de mais de 15 mil mortos ou vítimas e que atingiu a usina nuclear de Fukushima , localizada pouco mais de 200 km de Tóquio.
Os trabalhos para sanar os danos na central nuclear prosseguem e devem se alongar por vários anos. Muitos habitantes da região atingida continuam impedidos de retornar às suas casas devido aos riscos de contaminação.
Apesar disso, com a situação está sob controle e a cidade de Fukushima será palco do primeiro evento da Olimpíada, uma partida do torneio de softbal e, poucas horas depois, de um jogo da competição feminina de futebol. Miyagi, outra localidade atingida, abrigará disputas de futebol, de ambos os gêneros.
Uma mostra do nível de sensibilidade da situação foi o pedido recente de demissão, e de desculpas, do ministro olímpico do Japão, Yoshitaka Sakurada, depois de fazer comentários que ofenderam pessoas afetadas pelo tsunami.
Na contramão dos festejos desponta também a denúncia da justiça francesa de que o presidente do JOC (Comitê Olímpico Japonês), Tsunekazu Takeda, teria participado de uma suposta compra de votos na vitória de Tóquio para a sede dos Jogos. A capital japonesa superou a espanhola Madri e a turca Istambul na escolha.
O cartola, desde 2001 no comando do comitê, nega que tenha participado de qualquer trapaça e anunciou que vai se afastar em 27 de junho, quando expira o seu mandato, para que o posto seja ocupado por novo líder da próxima geração.
As acusações são semelhantes àquelas que levaram Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil e do comitê organizador Rio-2016, à prisão. Solto a seguir, ele ainda responde pelas denúncias.
Esta será a quarta Olimpíada organizada pelos japoneses , duas delas de Inverno em Sapporo-1972 e Nagano-1998.
Nos Jogos de verão de 1964, também em Tóquio, o evento permitiu ao Japão mostrar novos tempos, com a volta por cima nos traumas, nas destruições e na péssima reputação causadas pela Segunda Guerra Mundial.
O momento apresenta desafios para os japoneses, o principal deles talvez seja não decepcionar o novo imperador. Missão tão importante para eles ao ponto de alavancar o sucesso dos Jogos Olímpicos.
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