Em reação contra uma operação do Ibama, funcionários de madeireiras autuadas por irregularidades ambientais realizaram um protesto em Manacapuru (99 km de Manaus). Por medida de segurança, os fiscais interromperam o trabalho e deixaram a cidade.
Durante a manifestação, alguns carregavam cartazes mencionando o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que tem acusado o Ibama de praticar “ativismo ambiental xiita”.
"O grupo usou fogos de artifício e ameaçou seguir em direção ao hotel onde os agentes ambientais estavam hospedados, mas a equipe já havia deixado o local”, afirmou o Ibama, em nota.
Desde a semana passada, o Ibama interditou 11 madeireiras da cidade, das quais 4 apresentaram a documentação exigida. A operação teve o apoio da Polícia Federal, que prendeu em flagrante um empresário após a fiscalização ter encontrado madeira serrada não declarada no sistema DOF (Documento de Origem Florestal).
Até esta terça-feira (18), foram lavrados sete autos de infração por descumprimento de notificação, um auto por operar sem licença do órgão ambiental responsável, seis autos por madeira serrada e toras sem autorização e dois autos por lançamento de resíduo sólido a céu aberto, descumprindo licença ambiental.
Segundo o Ibama, madeireiras usam toras extraídas ilegalmente para fabricar pallets, usados principalmente pelas indústrias de bebidas da Zona Franca de Manaus.
Os cerca de 100 metros cúbicos de madeira serrada e 500 metros cúbicos em tora apreendidos deverão ser doados a moradores desabrigados do bairro Educandos, de Manaus. Um incêndio nesta segunda-feira (17) destruiu cerca de 600 casas.
Funcionários do Ibama e do ICMBio têm relatado aumento da hostilidade contra fiscais na Amazônia desde a eleição de Bolsonaro, incluindo carros incendiados, obstrução de vias usadas para fiscalização e ameaça de morte.
O presidente eleito se tornou feroz crítico dos órgãos ambientais depois de ter sido autuado em R$ 10 mil por pescar dentro de uma unidade de conservação, no litoral do Rio de Janeiro. O caso ocorreu em 2012, mas a multa nunca foi paga.
Em entrevista recente à Folha, a presidente do Ibama, Suely Araújo, disse que o discurso de Bolsonaro “é uma apologia à irregularidade, a achar que seguir as normas ambientais é desnecessário, é frescura, é coisa de quem quer atrapalhar o desenvolvimento do país”.
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