Precisamos de responder aos avisos deixados num novo estudo do ISCTE, que alerta que o aumento das qualificações não está a ter o efeito de elevador social esperado. Ou seja, o maior acesso ao canudo não quebrou a reprodução do contexto social de origem. E se assim o é, não há outra forma de dizer: falhámos enquanto País.
As últimas décadas têm servido para recuperar o atraso nas qualificações da população portuguesa. Se as anteriores gerações de diplomados constituíam uma minoria, à medida que o ensino superior se generaliza, as novas gerações vão experienciando novos desafios.
Enquanto em 2011 um jovem com um curso superior ganhava, em média, mais 50% que um com o ensino secundário, em 2022 essa diferença caiu para 27%. Também nesse ano, quase 1 em cada 4 jovens portugueses com ensino superior trabalhavam em profissões que não exigem esse nível de formação. Além da perda económica para o País, que não aproveita o retorno feito na educação, a sobrequalificação e a subutilização de competências pode traduzir-se em frustração como resultado da menor satisfação com a ocupação, e em pior qualidade do emprego, quer em termos salariais, quer em perspetivas de evolução da carreira profissional.
É, ainda, paradoxal o divórcio entre o tecido empresarial e doutorados, esbanjando as oportunidades de incorporação do conhecimento e de transformá-lo em produtos e serviços diferenciados, inovadores e de valor acrescentado. A qualidade do ensino superior português ficou circunscrita aos anos do curso e não foi transferida para a nossa economia, como provam os dados do European Innovation Scoreboard. A tão desejada economia do conhecimento não se tem afirmado.
O que exponho não corrobora discursos céticos em relação à massificação do ensino superior. A população com ensino superior consegue, à partida, uma situação laboral mais favorável. Contudo, pretende a mobilização de várias "task-force" que contrariem as debilidades que o mercado de trabalho em Portugal evidencia. Conjuntamente, precisamos de responder aos avisos deixados num novo estudo do ISCTE, que alerta que o aumento das qualificações não está a ter o efeito de elevador social esperado. Ou seja, o maior acesso ao canudo não quebrou a reprodução do contexto social de origem. E se assim o é, não há outra forma de dizer: falhámos enquanto País.
Para começar a responder a estes desafios, podem contribuir os estímulos à atração de talento qualificado para a economia nacional, a qualificação das pequenas e médias empresas e a capacitação das lideranças, o reforço da presença de doutorados em contexto empresarial, os estímulos para empresas inovadoras, o apoio a startups, à introdução de novas tecnologias e a ideias criativas (sem medo do conceito de risco), assim como a aposta em áreas de especialização nas quais somos mais competitivos e temos mais potencial de crescimento.
Em boa hora o Governo aprovou um conjunto de medidas robustas para acelerar o crescimento económico. Este é?o pressuposto para termos um País com recursos para melhorar as condições de vida dos jovens que estão a entrar no mercado de trabalho. Esta geração precisa de sentir que o esforço associado à frequência do curso superior é retribuído e que pode subir os andares que ambicionar no elevador social, por força do seu trabalho, esforço e empenho. Estou certa que hoje mais jovens olham para o futuro com mais confiança.
Se fecharmos os olhos e pensarmos na diversidade de paisagens, vilas históricas, praias e montanhas verdejantes, na riqueza gastronómica, nas tradições e na cultura portuguesas, facilmente nos rendemos a sermos turistas dentro do nosso País, do nosso distrito e, até, da nossa cidade.
As amizades preenchem-nos. Precisamos delas para darmos mais anos aos anos de vida com qualidade. As relações são muito do que temos, do que somos, vivemos e partilhamos.
Este novo Governo tem a sua morada no presente – aqui e agora. Estando disponível para fazer o que não foi feito nos últimos anos e arriscar o que ainda não soubemos ser.
Precisamos de responder aos avisos deixados num novo estudo do ISCTE, que alerta que o aumento das qualificações não está a ter o efeito de elevador social esperado. Ou seja, o maior acesso ao canudo não quebrou a reprodução do contexto social de origem. E se assim o é, não há outra forma de dizer: falhámos enquanto País.
Sem novembro de 1975 não haveria abril de 1974 para comemorar, porque o Portugal sonhado teria sido condenado à penúria, à fricção e ao radicalismo, caso vingasse um regime totalitário comunista.