Na quarta-feira, o fundador da WikiLeaks vai declarar-se culpado da única acusação criminal de conspirar para obter e divulgar documentos confidenciais de defesa nacional dos Estados Unidos, numa audiência em Saipan, nas Ilhas Marianas do Norte.
Julian Assange aceitou declarar-se culpado de espionagem e já saiu da prisão
Julian Assange, fundador da WikiLeaks, deverá declarar-se culpado na quarta-feira, dia 26, de violar a lei de espionagem dos Estados Unidos, após divulgar ilegalmente informações confidenciais. Esta confissão resulta de um acordo que porá termo à sua prisão no Reino Unido, permitindo que regresse a casa na Austrália.
@wikileaks via X/Handout via REUTERS
"Julian Assange é livre. Deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã de 24 de junho, depois de ter passado 1901 dias na mesma", afirmou a Wikileaks num comunicado divulgado na rede social X (antigo Twitter). "Foi-lhe concedida fiança pelo Tribunal Superior de Londres e foi libertado no aeroporto de Stansted durante a tarde, onde embarcou num avião e deixou o Reino Unido."
O fundador da WikiLeaks deixou a prisão de Belmarsh, no Reino Unido, na segunda-feira, dia 24, antes de ser libertado sob fiança pelo Supremo Tribunal do Reino Unido, e foi deixado no aeroporto para voltar para casa, disse a Wikileaks num comunicado divulgado na rede social X (antigo Twitter).
Na quarta-feira, o fundador da WikiLeaks deverá ser condenado a 62 meses de pena já cumprida numa audiência em Saipan, nas Ilhas Marianas do Norte, onde deverá declarar-se culpado da única acusação criminal de conspirar para obter e divulgar documentos confidenciais de defesa nacional dos Estados Unidos, de acordo com os registos no Tribunal Distrital dos Estados Unidos para as Ilhas Marianas do Norte.
O território norte-americano no Pacífico foi escolhido devido ao facto de Julian Assange não querer viajar para o continente norte-americano e à sua proximidade com a Austrália, segundo os procuradores.
Este acordo marca o fim de uma batalha jurídica de 14 anos em que o fundador da WikiLeaks passou anos na embaixada do Equador e depois numa prisão britânica de alta segurança, enquanto lutava contra a extradição para os Estados Unidos, onde estava acusado de 18 crimes de espionagem e intrusão informática pela divulgação das informações confidenciais no portal WikiLeaks.
Acusações
Em 2010, a WikiLeaks divulgou milhares de documentos militares confidenciais dos Estados Unidos sobre as guerras de Washington no Afeganistão e no Iraque, tendo esta sido considerada uma das maiores de violações de segurança na história militar dos Estados Unidos.
O conjunto de mais 700 mil documentos inclui telegramas diplomáticos e relatos de campos de batalha, como um vídeo de 2007 de um helicóptero Apache dos Estados Unidos a disparar contra uns supostos rebeldes no Iraque, matando cerca de 12 pessoas, incluindo jornalistas.
As acusações contra Julian Assange provocaram indignação entre os seus muitos apoiantes a nível mundial, que há muito argumentam que o fundador, enquanto editor da WikiLeaks, não deveria enfrentar acusações que são normalmente utilizadas contra funcionários do governo federal que roubam e divulgam informações, mas que deveria ser tratado como um denunciante.
"A WikiLeaks publicou histórias inovadoras sobre corrupção governamental e abusos dos direitos humanos, responsabilizando os poderosos pelas suas ações", afirmou a Wikileaks no comunicado. "Enquanto chefe de redação, Julian pagou muito caro por estes princípios e pelo direito do público a saber."
Julian Assange foi detido pela primeira vez no Reino Unido em 2010, com base no mandado de captura europeu, depois das autoridades suecas terem dito que o queriam interrogar sobre alegações de crimes sexuais, acusações que mais tarde foram retiradas. Aqui, fugiu para a embaixada do Equador, onde permaneceu durante cerca de 7 anos, para evitar extradição para a Suécia.
Em 2019, altura em que saiu da embaixada por não ter pagado fiança, foi detido no leste de Londres. Desde então tem estado na prisão de segurança máxima de Belmarsh, em Londres, onde lutou durante quase cinco anos contra a extradição para os Estados Unidos.
"Este é o resultado de uma campanha global que abrangeu organizadores de base, ativistas da liberdade de imprensa, legisladores e líderes de todo o espetro político, até às Nações Unidas", mencionou a WikiLeaks. "Isto criou o espaço para um longo período de negociações com o Departamento de Justiça dos EUA, que conduziu a um acordo que ainda não foi formalmente finalizado."
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A gestão e apreciação do tempo, tornou-se uma das maiores dificuldades na nossa vida quotidiana em família, no trabalho, na escola e na comunidade. Esta escravização do tempo está a provocar um enorme sedentarismo corporal, mental e relacional.
Algumas vezes, os entes-queridos de quem comete este tipo de atos são perspetivados como uma extensão da identidade destes sujeitos. Como tal, para garantirem a total aniquilação da sua identidade, sentem que têm de pôr fim à vida dessa extensão, isto é, da sua família.