![É o amor que faz correr Sara Matos, que não esconde brilho no olhos com a fase que está a viver](https://cdn.statically.io/img/cdn.flash.pt/images/2023-12/img_177x111$2023_12_27_18_27_54_352395.jpg)
O último ano tem sido dos mais duros para Marcelo Rebelo de Sousa que nunca enfrentou tantos desafios profissionais e pessoais como no período que passou. As primeiras preocupações começaram em julho, quando o Presidente da República desmaiou durante uma visita à faculdade de Ciência e Tecnologia na Costa da Caparica e teve de ser levado de urgência para o Hospital de Carnaxide.
Doente cardíaco, Marcelo, que já foi submetido a um cateterismo cardíaco, revelou na altura ter sido sujeito a exames e renovados conselhos médicos.
"Tive os mesmos sintomas que tive em Braga, uma quebra tensão repentina, comecei a ver tudo muito distante, tentei afastar-me e evitei desmaiar mas já não consegui. Foi muito rápido. Trago um Holter comigo até amanhã. Espero nos próximos cinco anos que isto não volte a acontecer. Recomendaram-me a beber mais água, bebo pouca, e não tomar bebidas que sejam muito energéticas."
Mal sabia na altura que o seu coração tão cedo não iria ter descanso. Meses depois, iria desenrolar-se um episódio com repercussões não só na sua vida como governante, dando origem ao escândalo em torno do caso das gémeas luso-brasileiras, mas também a nível pessoal, com o Presidente da República a admitir que, por causa desse episódio, cortou relações com o filho Nuno.
Para entendermos o caso temos de recuar ao final do ano passado, quando foi notícia que duas gémeas luso-brasileiras, Lorena e Maité, tinham recebido um medicamento no Hospital de Santa Maria, conhecido por ser o mais caro do Mundo, para tratar a doença de que padecem, Atrofia Muscular Espinhal, com o processo a ser agilizado por intermédio do filho de Marcelo.
"Usei o "pistolão", disse a mãe das meninas, numa entrevista, ao falar sobre os conhecimentos privilegiados que tinha com Juliana, mulher de Nuno Rebelo de Sousa.
Esta terça-feira, 23 de abril, o Presidente da República confirmou que por causa do escândalo, cortou relações com o filho. "É imperdoável, porque sabe que tenho um cargo público e político e pago por isso", disse Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou, tentando desvalorizar o assunto garantindo que "há coisas piores". "Ele tem 51 anos. Se fosse o meu neto mais velho preferido, com 20 anos, eu iria sentir-me corresponsável. Mas, com 51 anos, é maior e vacinado".
Marcelo revelaria ainda perante os jornalistas que o caso teve muito mais repercussões pessoais do que propriamente políticas. "As gémeas foram um fenómeno adicional, mas não me desgastou politicamente, desgastou-me pessoalmente."
A SEGUNDA DESILUSÃO COM O FILHO
O caso das gémeas luso-brasileiras acabaria por deixar Marcelo Rebelo de Sousa mais fragilizado e também mais sozinho. Desde que se tornou Presidente da República que o antigo líder social democrata viu a sua vida começar a alterar-se com efeitos praticamente imediatos e o cargo deixou-o necessariamete num lugar mais solitário.
As mudanças começaram com o afastamento daquela que era sua namorada de então, Rita Amaral Cabral. Quando se mudou para o Palácio de Belém, Marcelo assumiu que seria um Presidente sem primeira-dama e, de repente, a presença da advogada deixou de ser uma constante na sua vida. Para trás, ficaram as imagens dos dois nos areais algarvios, e os longos períodos passados ao sol, na Praia do Gigi, na Quinta do Lago.
O tempo para o convívio que Marcelo tanto gosta começou a escassear, bem como os momentos com os quatro netos, que vivem com a mãe na China. A distância e as saudades têm sido duras para o Presidente da República. Aliás, foi precisamente por causa da nora e dos netos que Rebelo de Sousa teve, há cerca de uma década, a primeira grande quezília com o filho, nunca superando totalmente a grande desilusão.
Tudo aconteceu quando Nuno Rebelo de Sousa se apaixonou pela segunda mulher, Juliana, um amor que implicou o fim do casamento com Rita Sousa Coutinho. Marcelo nunca escondeu a adoração pela primeira nora e terá sido mesmo o grande impulsionador do namoro, quando, num verão, os dois se encontraram na praia do Gigi, no Algarve. "Ó Rita, tem namoro? Então acabe, para casar com o meu filho", relataria o próprio na sua biografia, escrita por Vítor Matos.
Com dedo de Marcelo ou não, os dois acabariam por casar e o Presidente da República sempre teve um orgulho inesgotável na nora, que considerava ter "uma cabeça acima da média". Por amor à mulher, Nuno acabaria por mudar de país para começar uma aventura no Brasil, onde Rita tinha recebido uma oferta de trabalho. Nuno também foi, ocupando uma posição na EDP Brasil. E acabaria por ser no trabalho que veio a conhecer Juliana Vilela Drummond, com quem se envolveu quando ainda estava casado e com quem teve uma filha, hoje com 9 anos. O caso foi descoberto pela mulher que acabou tudo na hora, para grande desilusão de Marcelo, que vê também a nora preferida mudar-se com os filhos para a China, colocando uma distância ainda maior face aos netos.
Apesar de ter aceitado Juliana no seio da família, quem o conhece garante que a relação com Rita era diferente e que Marcelo nunca escondeu a sua preferência. De acordo com os mais chegados, esta foi uma dor que Marcelo nunca ultrapassou totalmente e seria a primeira grande desilusão com o filho, que diz quem conhece o Presidente da República, sempre foi o seu preferido.
"O Nuninho é de certa forma o filho de quem Marcelo estará mais próximo, sente-se uma diferença no tratamento e na atenção, na forma como diz sempre ‘Nuninho’, há ali um fraquinho", disse um amigo da família à 'Sábado' há alguns anos, numa situação que agora se altera radicalmente por causa das gémeas luso-brasileiras.
Com o corte com o filho, Marcelo, que é também pai de Sofia, concentra-se cada vez mais na sua missão como Chefe de Estado, com a consciência de que o cargo político lhe trouxe mudanças na vida pessoal, que provavelmente terão implicações para a vida.