Avaliações de clientes

Avaliado no Brasil em 27 de abril de 2024
Não entenda errado o título, o livro não é ruim, mas quando comparado com o que King anda escrevendo em décadas Joyland é um ponto fora da curva tanto em aspectos positivos e negativos.
Joyland é um bom livro de introdução para o que é Stephen King para aqueles que assim desejam recomendar para algum amigo ou lerem por si mesmos sem entrar de cabeça nos livros escritos por ele durante os anos 70 e 80 ou mesmo os trabalhos mais atuais.
E para leitores veteranos dele como eu, o livro apresenta tudo que você já está acostumado em seus trabalhos, de forma mais light para uma leitura rápida como uma refeição leve.

Sendo uma novela com uma pegada mais thriller e de mistério, sem ter um horror típico entre seus outros trabalhos que envolvem fantasmas e psicopatas o livro escapa da armadilha que ele cometeu em tantas outras obras ao pecar no excesso de páginas sem um desenvolvimento realmente importante na estória no qual você às vezes sente que ele está escrevendo por escrever sem qualquer disciplina, como uma divagação.
E aí está, se em tantos outros livros ele faz uso abusivo de prolixo e acaba gastando duzentas páginas à mais do que deveria em Joyland eu fiquei com a sensação que ele poderia ter se demorado mais na narrativa em certos pontos e ter adicionado mais páginas por conta do método usado para apresentar a trama.
A forma em que a narrativa se desenrola com o narrador contando os eventos à partir do futuro (40 anos depois) ajuda à dar a profundidade necessária sem King ter que recorrer ao excesso de descrição e páginas o que é algo meio atípico dele com à exceção de alguns contos.

O mistério é apresentado bem próximo ao final do livro, com boa parte se focando no protagonista analisando seu passado e suas desventuras amorosas e experiências de amadurecimento, fazendo o mistério em si ter muita pouca importância no final das contas.
Adiantadamente eu já tinha ligado os pontos e descoberto quem era o criminoso, mas não me senti desapontado por conta de como foi resolvido de forma elegante e sem pretensões, com a jornada do protagonista sendo a verdadeira carne nesse sanduiche, não o pão forrando a narrativa.
O aspecto mais forte não é o horror nem mesmo quem cometeu os crimes e o porquê, mas a ligação entre seres humanos, seja o protagonista e seus amigos e o pequeno menino que ele encontra e ajuda (e é ajudado de volta), ou a mãe protetora e seu filho doente que teve poucas oportunidades de aproveitar e tirar prazeres da vida.

Se você tem interesse nessas interações, o livro vai lhe agradar, mas se você quer algo mais apavorante ou que é necessário usar logica para chegar ao culpado a narrativa vai lhe deixar à desejar, pois o livro pode ter alguns elementos que vemos no O Iluminado, mas está mais próximo dos contos e novelas com uma pegada mais emocional e nostalgia que King gosta tanto de escrever e abraçou ao longo dos anos para tentar superar à sua fama de ser um escritor puramente de terror.
Denunciar Link permanente