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Sua Idade (Foto: Getty Images/Refinery29 RF)

Sua Idade (Foto: Getty Images/Refinery29 RF)

Por muito tempo, a América Latina foi considerada um subcontinente jovem, limitando as oportunidades para negócios voltados para a população mais velha e fortalecendo a discriminação geracional. Mas essa realidade está mudando — e em um ritmo veloz.

Um estudo recente apontou que os latino-americanos estão envelhecendo rápido – mais até do que em regiões como Europa e América do Norte. A pesquisa, realizada pela Tsunami8 Latam e coordenada pela empresa brasileira Data8, investigou os efeitos da revolução da longevidade na América Latina e apontou que os latino-americanos alcançaram mais 25 anos de expectativa de vida entre 1950 e 2018. E, por outro lado, as taxas de natalidade caíram de 6,1 para 2,2 filhos por mulher entre 1950 e 2020. 

Dentre os dados coletados pelo estudo, uma projeção chama a atenção: durante os próximos 30 anos, o percentual de latino-americanos com mais de 65 anos vai dobrar, chegando a 18% de população, enquanto os de 80+ vai sair de 2% para 5% em 2050. Considerado o maior mapeamento geracional feito na América Latina, o estudo ouviu mais de 20.000 latino-americanos com mais de 45 anos na Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru, Uruguai e Brasil e coletou dados que ajudam a entender os desafios, sonhos e novas oportunidades de negócios baseados no comportamento de consumo dessa geração.

Superconectados

A pesquisa constatou que 93% da população 45+ e acima de 65 anos tem smartphone, sendo que 9 em cada 10 declaram que usam o aparelho como ferramenta de comunicação. Quando o assunto são as redes sociais, Whatsapp, Facebook e Youtube são as preferidas da população latina com mais de 45 anos, e saúde é o tema mais consultado nas redes, seguido por turismo e cultura.

Se em algum momento essa geração foi apontada como receosa quando o assunto eram compras digitais, o medo está passando — e rápido. Possivelmente incentivados pela pandemia,  67% dos entrevistados disseram ter feito compras pela Internet nos últimos 12 meses, sendo que os Argentinos e Uruguaios são os mais destemidos no e-commerce. E, apesar de os brasileiros estarem na lista de processo de envelhecimento moderado, o país aparece como exemplo de crescimento de agetechs – startups que surgem com a proposta de oferecer serviços para melhorar a qualidade de vida dos idosos, seguindo tendências tecnológicas – em 2018, foram mapeados 81 empresas e 2020, 343. 

Consumidores conscientes

Outro dado da pesquisa que chama a atenção é o fato dessa ser uma geração precavida: 7 em cada 10 latino-americanos se consideram independentes financeiramente — planejar as finanças faz parte das prioridades. E faz sentido, quando olhamos as top 3 preocupações: cuidar da saúde, passar mais tempo com a família e viajar mais.

Deixados de lado pelo mercado por muito tempo, esta mais do que na hora de ajustar esse olhar, uma vez que pessoas com mais de 50 anos movimentam 15 bilhões de dólares anualmente em todo o mundo. No Brasil, esse público é responsável por gastar quase 2 bilhões de reais/ano, e produtos de beleza e roupas lideram a lista de itens mais comprados. O paradoxo que ainda persiste, entretanto, é que embora tenham protagonismo no consumo, a maioria desse grupo ainda sente falta de ver mais produtos e serviços que realmente conversem com seu estilo de vida. O mapeamento identificou que o maior desejo deles é encontrar um mercado de alimentos, educação, tecnologia e vestuário que não seja somente baseado em corpos e necessidades de pessoas mais novas. Novos tempos para velhos consumidores.