• Paula Mello (@paulamello_)
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Valentina Sampaio fotografada em Milão para o projeto Crossroads da Giorgio Armani  (Foto: Divulgação)

Valentina Sampaio fotografada em Milão para o projeto Crossroads da Giorgio Armani (Foto: Divulgação)

Além de embaixadora da Armani Beauty, a cearense Valentina Sampaio foi a única brasileira eleita para a segunda edição do projeto Crossroads da Giorgio Armani, em que um grupo de 12 mulheres inspiradoras pelo mundo relembram um momento em que se encontraram em uma encruzilhada em suas vidas e tiveram que tomar decisões que impactariam o seu futuro. "Foi quando eu mudei o meu nome e fui reconhecida como Valentina, como uma mulher, porque é muito importante ter um documento que represente você", disse no vídeo do projeto. 

A modelo e ativista transgênero divide espaço no Crossroads com nomes como a francesa Aurélie Dupont, bailarina e diretora de dança da Ópera Nacional de Paris, e a americana Maria Taylor, apresentadora e produtora de programas de televisão esportivos. "Minha esperança é que, trabalhando com marcas como a Armani, mais pessoas abram seus corações para a beleza da diversidade", ressalta Valentina, que foi a primeira modelo trans a estrelar uma capa da Vogue França, em 2017, assim como da Sports Illustrated, em 2020

Aos 25 anos e vivendo seu auge, Valentina relembra que já passou por grandes dificuldades na carreira. "A indústria da moda pode ser bastante difícil. Houve muitos momentos em que pessoas ou marcas fizeram eu me sentir mal com minha aparência física nos castings", comenta. "Ainda existem algumas construções sobre padrões estéticos convencionais, mas um progresso positivo está sendo feito no reconhecimento da beleza e do valor da inclusão e da diversidade. Todos compartilhamos o desejo comum de sermos aceitos e amados com segurança por quem realmente somos."

Valentina Sampaio (Foto: Reprodução)

Valentina Sampaio fotografada em Milão para o projeto Crossroads da Giorgio Armani (Foto: Divulgação)

A modelo falou também sobre preconceito. "Nascer trans e viver a minha essência me fez enfrentar julgamentos cruéis, críticas e insultos. Coisas básicas, como meu direito de me vestir como mulher, frequentar a universidade (Valentina já cursou arquitetura e moda) e trabalhar foram desafios estressantes para mim", conta ela, acrescentando que os problemas a ajudaram a se conectar ainda mais com a sua força interior e ter clareza e fé sobre quem é. "Minha vida dependia de eu acreditar o suficiente no meu próprio direito de existir."

Além de atuar como modelo, Valentina tem vontade de assinar uma coleção com uma marca que contribua com instituições de caridade em prol de pessoas trans. "Eventualmente, um dia também gostaria de criar uma casa ou instituição no Brasil que apoie a minha comunidade com benefícios de saúde, serviços jurídicos, educação e oportunidades de trabalho dignas." Outro um desejo é fazer mais trabalhos como atriz – em 2017, ela estreou no cinema no longa brasileiro "Berenice Procura". "Adoraria atuar novamente em um filme com o qual me sinta profundamente conectada, que tenha uma mensagem inspiradora."

No bate-papo, a modelo falou ainda sobre moda e elegeu a calça pantalona como peça curinga do seu guarda-roupa. "Você pode combinar apenas com uma t-shirt mais simples ou uma camisa social, e também com diferentes sobreposições como blazers e até mesmo com lingerie. Acho uma roupa-chave para estar sempre elegante."

Valentina Sampaio (Foto: Divulgação)

Valentina Sampaio fotografada em Milão para o projeto Crossroads da Giorgio Armani (Foto: Divulgação)

Valentina foi fotografada no icônico Bar Basso, em Milão, cidade pelo qual é apaixonada. "Tem uma energia, aura e pessoas legais aqui. Me sinto em casa. É sempre um prazer vir para cá", diz ela, que se divide entre a Europa e Estados Unidos. A modelo aproveitou para indicar hot spots por lá: suas dicas incluem a Galleria Vittorio Emanuelle, a Catedral de Milão (e ir até o Terrazze del Duomo) e o charmoso e movimentado bairro Navigli, repleto de restaurantes e barzinhos.