• Alex Kessler
  • Vogue UK
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PARIS, FRANCE - JANUARY 21: A model walks the runway during the Chanel Haute Couture Spring/Summer 2020 show as part of Paris Fashion Week on January 21, 2020 in Paris, France. (Photo by Stephane Cardinale - Corbis/Corbis via Getty Images) (Foto: Corbis via Getty Images)

Look da coleção de alta-costura verão 2020 da Chanel, imaginado por Virginie Viard e totalmente feito à mão pelo Atelier Paloma (Foto: Corbis via Getty Images)

Paloma, o ateliê de tecidos delicados ou "flou", trabalha em estreita colaboração com a Chanel desde sua inauguração em 1982 e é responsável por algumas das fabricações mais complexas  da maison. “Com a Chanel, temos o luxo do tempo”, diz Regina Weber, designer e finalista do Hyères Festival 2018, sobre supervisionar a criação têxtil do Paloma. “Nunca tomamos um atalho, mesmo que seja mais fácil, abarcamos todo o processo e vamos à procura da solução perfeita, que é muito especial."

Na Hyères deste ano, a Vogue conversou com Weber sobre seu tempo no Atelier Paloma, como é trabalhar com uma maison tão prestigiada e por que é importante nutrir jovens talentos, preservando o artesanato tradicional.

O que sua função envolve na Paloma e em que tipo de projetos você trabalha?
Eu trabalho com muitas amostras. Os clientes nos procuram para buscar inspiração em nosso arquivo como pontos de partida. Também trabalhamos com pessoas que têm necessidades específicas, que podem ser belos desafios que você não consegue prever. Por exemplo, recentemente houve alguém que queria criar peças que se parecessem com cabelo, mas não tínhamos permissão para usar cabelo real. Então, nossa equipe explorou técnicas de escovação de tecidos para obter franjas que lembrassem cabelos.

Atelier Paloma (Foto: Reprodução/ Emile Kirsch)

Regina Weber (Foto: Reprodução/ Emile Kirsch)

Conte-nos sobre a colaboração entre o Atelier Paloma e a Chanel
Quando cheguei à Paloma, foi um prazer ver que com a Chanel podemos realmente dedicar um tempo para focar em algo, ao contrário de outras marcas. Por exemplo, para o verão 2020 de alta-costura, usamos uma técnica chamada un jour de fils tirés, que é onde puxamos fio por fio em uma direção em um tecido que cria uma espécie de grade, e então bordadeiras bordam novamente neles com pequenas folhas e flores. É um método antigo que foi renovado e é incrível que existam marcas como a Chanel que têm os meios para uma redescoberta tão incrível.

Você foi finalista do Hyères em 2018. Como o festival impactou sua carreira e como é estar de volta agora como apoiadora?
Voltar a Hyères traz de novo muitas emoções e boas lembranças. Também é interessante reviver o que os finalistas estão sentindo. Claro, estou aceitando estar do lado coadjuvante como parceira do festival, mas somos todos parte da mesma família.

Atelier Paloma (Foto: Reprodução/ Vinciane Lebrun)

Regina Weber trabalhando em estreita colaboração com um dos finalistas do Hyères Festival deste ano, Arttu Afeldt (Foto: Vinciane Lebrun)

Como foi trabalhar com Arttu Afeldt, um dos finalistas de design de moda deste ano?
Arttu veio com muitas ideias, mas porque conheço o festival e suas estruturas, fui capaz de ajudá-lo a encontrar a essência para criar algo realmente forte. Juntos, com Paloma, chegamos a um ótimo produto que funcionou bem para a coleção dele.

Como você colaborou este ano com Emma Bruschi, ganhadora do prêmio Le 19M em 2020?
O universo e a estética de Emma são semelhantes aos de Paloma, então tínhamos alguns pontos em comum para começar. O que foi muito interessante em trabalhar com ela foi que nós reaproveitamos roupas vintage e muitos outros materiais encontrados e subestimados. Passou a ser uma reavaliação do trabalho artesanal, que é um processo muito bonito.

Atelier Paloma (Foto: Reprodução/ Theo Giacometti)

Peça criada pela jovem designer e vencedora do prêmio Le 19M no ano passado, Emma Bruschi, em colaboração com Regina Weber (Foto: Theo Giacometti)

Além disso, conte-nos o que você fez com Juana e Ddiddue Etcheberry, vencedores do Grande Prêmio de Acessórios de Moda 2020. 
Para a colaboração deste ano, os designers decidiram não apenas trabalhar com acessórios, mas também fazer roupas. Eles nos procuraram com ideias muito específicas, onde queriam aplicar um acolchoado em suas peças. Então, nós os conectamos com nossa equipe de produção que fazia o acolchoado de forma industrializada.

Quais práticas você acha que são as mais importantes para se destacar no mundo de hoje?
Em primeiro lugar, é encontrar abordagens ecológicas porque estamos ficando sem recursos. Em segundo, existem tantos métodos especiais por aí que não podemos deixar desaparecer. Obviamente, é crucial reavaliar as roupas, mas é igualmente importante manter as técnicas tradicionais. Por último, é importante encontrar alternativas para métodos pré-existentes que talvez não sejam tão sustentáveis – há uma grande criatividade nisso também.

Atelier Paloma (Foto: Reprodução/ Vinciane Lebrun)

Os designers Juana e Ddiddue Etcheberry, vencedores do prêmio de acessórios do ano passado, trabalhando em um manequim com Regina Weber (Foto: Vinciane Lebrun)

Por que é tão importante estimular os jovens talentos? 
No nosso ateliê, temos costureiras que estão nos seus 60 anos e têm competências incríveis que podem transmitir às gerações mais novas. Mas o talento mais jovem compartilha seu conhecimento que enriquece e moderniza as tradições também, então é realmente uma situação de ganha-ganha. Isso é o que há de tão bonito sobre o Métiers d'Art - não são apenas os métodos conservados em uma bolha do tempo, mas também trazidos para o futuro ao adicionar a juventude ao diálogo.