Moda
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Por Costanza Pascolato


Look do resort 2020 da Paco Rabanne, hoje comandada por Julien Dossena (Foto: Imax Tree, Getty Images e Theo Sion / Divulgação) — Foto: Vogue

Roupas que refletem um desejo de evasão para o reino das emoções e provocam uma verdadeira viagem pelo mundo do imaginário, com sedução colorida e espontânea, evocam o tão cobiçado escapismo. Como um antídoto para as chatices contemporâneas, a tendência tem feito sucesso. E pode até ser confundida como boho-chic que, inspirado no espírito libertário e no estilo de vida anarquista e fresh (para a época) dos anos 60/70, quase sempre se caracteriza por peças superpostas, amplidão nas saias e vestidos, franjas, bordados e estampas, como na era “paz e amor”.

Para ter impacto, relevância e atualidade, o neoescapismo pode – e deve – assimilar no mesmo look, junto com as pitadas hippie, o minimalismo, o western, o punk, o glam-rock, o luxo couture, entre outros hypes e citações. Afinal, quando o estilo pessoal é apregoado como um “ideal”, a mistura de influências é sempre bem-vinda.

Essa fórmula tem garantido, por exemplo, a evidência de Paco Rabanne por Julien Dossena. Aos poucos, ele vai abandonando o estilo futurista típico da casa para mergulhar no glamour neo-boho-deluxe inspirado no início da Swinging London da década de 70, quando Ossie Clark e Biba reviveram o romantismo com o toque das divas hollywoodianas dos anos 30/40.

Dossena faz, para o resort 2020, um mix glorioso de vintage, dia a dia e glamour high-tech. Consegue até uma versão fininha, que dança sobre o corpo, da trama metálica icônica de Paco Rabanne. Ela pode inclusive ser estampada e, para qualquer hora, na companhia de uma t-shirt de algodão, é tudo. Botas e jaquetas western estilizadas arrematam o visual que quer, sim, ser bem barroco, ultrapassando, voluntariamente, o “bom gosto” convencional.

Resort 2020 da Chloé (Foto: Imax Tree, Getty Images e Theo Sion / Divulgação) — Foto: Vogue

O escapismo também é pura viagem, verdadeira ou imaginada. Com direção criativa de Natacha Ramsay-Levi, a Chloé desfilou fora de Paris pela primeira vez em sua história. Mais precisamente no Museu Long, em Xangai, na China. O estilo de Ramsay-Levi é heterogêneo e também tem o charme de uma pegada meio boho.

Para o resort 2020, sua estética é enriquecida com códigos da China antiga e referências a grandes momentos da cinematografia do país. Assim, bordados, estampas e até matelassês citam a rica cultura chinesa e surgem acrescidos de floreios art déco. Apesar de as formas serem amplas, longas e livres, também são construídas com o rigor e a alta precisão couture.

Look do verão 2019 da Dries Van Noten (Foto: Imax Tree, Getty Images e Theo Sion / Divulgação) — Foto: Vogue

Dries Van Noten sempre foi autoral e criativo. Sua moda para o verão 2019 remete ao artesanal, mas também o transcende, conquistando/concretizando um estilo boho-tecnológico. Sem qualquer desencontro, iridescências e transparências sintéticas casuais literalmente se encontram sobre formas simples e impecáveis de seda estampada com uma mistura de florais delicados e desiguais, além de listras gráficas. As roupas de Dries envolvem, se drapeiam, se enrolame desenrolam sobre as formas femininas – parecendo ter sido “arrumadas” assim por quem as veste – para revelar um estilo casual sofisticadérrimo. Uma espécie de do it yourself, herança da cultura punk dos anos 60/70 com sua atitude rebelde, que Dries interpreta como símbolo da liberdade que distingue, singulariza e individualiza, e pode até ser aplicada a uma elegância couture.

Look do verão 2019 da Dries Van Noten (Foto: Imax Tree, Getty Images e Theo Sion / Divulgação) — Foto: Vogue

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