Moda
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Por Costanza Pascolato


Look Salvatore Ferragamo (Foto: Imax Tree, Getty Images e Divulgação) — Foto: Vogue

Milão vive um renascimento cultural que passa pelo design, pela arquitetura, gastronomia e até pelo circuito clubbing. E talvez por isso a moda esteja sendo tratada de maneira mais inovadora. O que é luxuoso está sempre em movimento e as forças típicas dos tempos recentes (as mídias sociais, a expansão de novos mercados, as culturas millennial e geração Z) têm determinado mudanças rápidas, que definitivamente influenciam a percepção para a apreciação dos produtos. Assim, as marcas se reinventam, convocam novos designers (que respeitem seus respectivos DNA) e, principalmente, criam novas estratégias de marketing.

Look do inverno 2019/20 da Salvatore Ferragamo (Foto: Imax Tree, Getty Images e Divulgação) — Foto: Vogue

O daywear e sua admirável alfaiataria, numa espécie de homenagem aos anos 80 e 90 (quando o made in Italy bombou soberanamente), movimentaram as passarelas. Objetivo: vestir mulheres reais para vidas reais, com roupas feitas com excelência artesanal, executadas com materiais extraordinários em modelos inspiradores, bem longe da monotonia do “normal”. Tarefa desafiadora. A tradicional Salvatore Ferragamo, por exemplo, convocou o britânico Paul Andrew para, com seu light touch e visão de moda de alcance global, atender a uma audiência mais ampla, agradando mães e filhas. Trabalhando volumes que sugerem os anos 80 com elegante precisão nos tecidos e um patchwork de lenços de seda do caleidoscópico arquivo da casa, a coleção é atraente e criteriosa com seu luxo discreto e evidente sensibilidade italiana.

Look do inverno 2019/20 da Marni (Foto: Imax Tree, Getty Images e Divulgação) — Foto: Vogue

Pronta para cativar uma audiência mais jovem, a Marni, que sempre foi associada a mulheres modernas, todas mais “cabeça”, ousou com uma sensualidade desconstruída mais que contemporânea. Francesco Russo chamou sua coleção de neuro-erotic, assumindo o desafio de definir uma nova ideia de sedução com uma estética excêntrica e arrojada. O resultado, meio desigual, teve a qualidade de uma corajosa abordagem experimental, bastante rara em Milão.

Look da coleção desenvolvida por Richard Quinn para o projeto Moncler Genius (Foto: Imax Tree, Getty Images e Divulgação) — Foto: Vogue

Mas o verdadeiro pulo do gato foi da Moncler. Conhecida por suas jaquetas acolchoadas, a marca substituiu a participação de Tom Browne e Giambattista Valli como diretores criativos das linhas Gamme Bleu e Rouge por lançamentos mensais, convidando 11 designers da maior relevância para conseguir estar sempre presente em nossas mentes, corações e feeds. Do projeto denominado Moncler Genius, fazem parte Pierpaolo Piccioli (da Valentino), Noir de Kei Ninomiya, Simone Rocha, Richard Quinn, Francesco Ragazzi da Palm Angels, entre outros.

Look da coleção desenvolvida por Palm Angels para o projeto Moncler Genius (Foto: Imax Tree, Getty Images e Divulgação) — Foto: Vogue

A estratégia reflete bem a mobilidade do momento: não se conversa mais com o consumidor apenas a cada seis meses, mas preferencialmente com um bom papo por dia. É no que a Moncler acredita para atrair a nova geração. Brilhantemente extravagantes, estas coleções-cápsulas, muito diferentes entre si, são uma maneira pertinente para oferecer um fluxo de inovação, sem revolucionar completamente a estética da marca. Assim, a técnica do acolchoado em materiais sintéticos de última geração vive um momento fashion-espetacular, com peças que também são símbolos atualíssimos do resgate da filosofia do “bem viver” e do “bem fazer” italianos, que sempre acreditaram na aproximação entre artesanato e arte.

Look da coleção desenvolvida por Simone Rocha para o projeto Moncler Genius (Foto: Imax Tree, Getty Images e Divulgação) — Foto: Vogue

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