• Gisela Gueiros
Atualizado em
 André Balazs, Cosima Vesey e Carlos Mota passeiam em Ravello (Foto: Carlos Souza e Charlene Shorto)

André Balazs, Cosima Vesey e Carlos Mota passeiam em Ravello (Foto: Carlos Souza e Charlene Shorto)

Decretada Patrimônio Mundial pela Unesco desde o fim dos anos 90, a Costa Amalfitana se estende por um trecho de 50 km do Golfo de Salerno, sul da Itália e, graças à beleza natural, suas vilas, hotéis, lojinhas e jardins charmosos com vistas incomparáveis para o Mar Mediterrâneo, se consagrou como destino turístico dos mais incensados entre italianos e jet-setters internacionais.

Enquanto o distanciamento social for mandatório para conter o avanço da Covid-19, nada de viagens para o idílico destino, mas, para os viajantes frustrados com as regras de isolamento, a Assouline reservou um bom consolo: o livro Amalfi Coast, que se dedica a desvendar a adorada região pelos olhos de dois de seus frequentadores de longa data: Carlos Souza, embaixador global da Maison Valentino, e sua ex- -mulher e grande amiga Charlene Shorto. “Este é nosso quarto filho juntos”, brinca Cacá em conversa por telefone com a Vogue, ao descrever seu novo “rebento” feito a quatro mãos com Charlene, com quem tem dois filhos (Sean e Anthony), e coescreveu Comporta Bliss (2018), sobre o vilarejo de Comporta, em Portugal.

Capa do livro Amalfi Coast (Assouline, US$ 95) (Foto: Divulgação)

Capa do livro Amalfi Coast (Assouline, US$ 95) (Foto: Divulgação)

Ao longo das 296 páginas do novo livro, a dupla insider (ela radicada em Lisboa, ele, em Roma) divide, entre fotos, textos e ilustrações, tudo o que sabem sobre esse pedaço exclusivo de paraíso. Cada capítulo é reservado a uma das 13 cidadezinhas da região, conhecida por suas encostas rochosas e paisagem vertical, acessível apenas pela sinuosa e estreita Strada Statale 163: Positano, Amalfi, Ravello – as mais famosas –, Furore, Cetara, e por aí vai. Cacá, que trabalha desde a década 70 com Valentino Garavani, começou a frequentar a área naqueles tempos com o estilista, mas foi nos anos 90, quando Valentino comprou um barco, que começaram a explorar os meandros do lugar. “Um dia, Giambattista Valli nos convidou para um fim de semana em Positano, e foi aí que pude descobrir essa maravilha”, lembra.

Fiorde de Furore (Foto: Divulgação)

Fiorde de Furore (Foto: Divulgação)

Além das icônicas vistas, o território ficou consagrado pela qualidade de sua culinária, e pelos ingredientes que nascem no nutritivo solo vulcânico local, por conta do Monte Vesúvio. “Tudo lá é feito de sol, ar marítimo e água dos lençóis freáticos, já que nunca chove. Por isso, não existe tomate igual”, garante o autor. O tradicional spaghetti alle zucchini (espaguete com abobrinha), o Limoncello (licor típico local) e os ótimos vinhos da região também são destaque. Outra marca registrada que enfeita o livro com cores vibrantes e padrões engenhosos são as tradicionais cerâmicas maiólicas, “feitas ali desde os tempos do Renascimento”.

Vista marítima de uma das baías de Positano (Foto: Divulgação)

Vista marítima de uma das baías de Positano (Foto: Divulgação)

O livro também desvenda as origens míticas da Costa Amalfitana. Diziam os gregos que Hércules se apaixonou por uma ninfa chamada Amalfi, que morreu prematuramente e partiu seu coração. O semideus procurou então um lugar digno para enterrá-la, que acabou se tornando a cidade de Amalfi. Como um de seus 12 trabalhos, o filho de Zeus teria roubado uma árvore do Jardim das Hespérides e a plantado no local. Ela carregava o que são hoje os chamados “limões de Amalfi”. Pérolas da arquitetura local ganham atenção também, como o Auditório de Ravello, único projeto de Oscar Niemeyer em toda a área. “Há muita cultura por lá. Wagner frequentava a Costa Amalfitana e chegou a compor aqui”, lembra o autor.

Celebração da primavera no beach club Palazzo Avino (Foto: Divulgação)

Celebração da primavera no beach club Palazzo Avino (Foto: Divulgação)

Cacá e Charlene aproveitam ainda para recordar histórias saborosas dos frequentadores notórios dali, como o bailarino russo Rudolf Nureyev, que tinha uma casa no arquipélago de Li Galli, palco dos almoços mais disputados do verão europeu; e o casal artsy Alba e Francesco Clemente. Ela – atriz, figurinista, cenógrafa e compositora –, nasceu na região e tem até hoje uma casa numa encosta tão íngreme que, para visitar, é preciso subir 189 degraus. Alba é conhecida por seus jantares “deliciosos e divertidos”, lembra Cacá. “A casa tem mobiliário assinado por Ettore Sottsass, com azulejos feitos pelo próprio Francesco, que é um pintor fantástico”, diz o autor. Assim que acabar a quarentena, Cacá não tem dúvidas: “Vou pegar um trem de Roma a Nápoles rumo à Costa Amalfitana”, dispara. “Não vejo a hora de poder voltar para aquelas montanhas paradisíacas e curtir a brisa do mar novamente.”

Vista da Villa San Giacomo e Izabel Goulart com cerâmicas maiólicas ao fundo (Foto: Divulgação)

Vista da Villa San Giacomo e Izabel Goulart com cerâmicas maiólicas ao fundo (Foto: Divulgação)