• Claudia Lima
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Pastor Henrique Vieira usa camisa Ricardo Almeida (Foto: Hick Duarte)

Pastor Henrique Vieira usa camisa Ricardo Almeida (Foto: Hick Duarte)

“Todo amor é sagrado. Pecado é não amar, ter preconceito e restringir a liberdade de uma pessoa por conta de sua orientação sexual, religiosa ou de raça.” É incrível como a frase, proferida por Henrique Vieira, 32 anos, teólogo, cientista social, escritor e pastor da Igreja Batista do Caminho, no Rio de Janeiro, possa causar surpresa nos dias de hoje. Sua visão progressista tem tido lugar de destaque em programas de TV, jornais, redes sociais e no teatro, onde encena O Amor como Revolução, texto baseado em seu livro homônimo. “Ser pastor neste cenário em que o País se encontra tem sido complicado, já que a referência evangélica que as pessoas têm hoje é de poder – político, econômico e midiático”, reflete. “A igreja batista tem raiz na igreja protestante, que sempre foi muito plural e comprometida com a dignidade humana, a liberdade e o respeito. É ele que faz com que a gente admire e aprenda com as diferenças.”

Jonathan Berezovsky (Foto: Hick Duarte)

Jonathan Berezovsky (Foto: Hick Duarte)

“Esta é a grande luta das religiões de matriz africana como o candomblé, que é, por natureza, inclusivo”, diz o babalorixá Pai Rodney de Oxóssi, 46 anos, antropólogo, doutor em ciências sociais, autor do livro O Que É Apropriação Cultural, lançado em 2019, ano em que também foi eleito um dos afrodescendentes mais influentes do mundo. “O candomblé nasceu para suprir um grande problema da escravidão, que foi o esfacelamento das famílias negras, separadas quando chegaram no Brasil e que precisavam se reconstituir de alguma maneira. É por isso que ele acolhe a todos”, explica. Em sua visão, mais do que uma religião, é uma maneira de ser, pensar e viver o mundo. “Ele ensina sobre a maneira como encaramos a vida. Quando nós respeitamos a cultura do outro, melhoramos como seres humanos.”

Acolher pessoas e culturas foi o que motivou o argentino Jonathan Berezovsky, 32 anos, a fundar o Migraflix, organização criada em 2015 para promover inclusão econômica e social e imigrantes e refugiados de várias partes do mundo. “A inspiração veio de minha avó, judia-polonesa, que chegou à Argentina como refugiada”, conta. “A ONG oferece cursos de empreendedorismo cuja ideia é dar a essas pessoas independência financeira criando negócios e divulgando suas culturas”, explica.

Um dos programas é o Meu Amigo Refugiado, que promove encontros com famílias brasileiras em datas especiais como Natal e Páscoa. Já o Raízes da Cidade, feito em parceria com o Airbnb, oferece experiências que unem dança, gastronomia e música. “É uma maneira de trocar e vivenciar culturas e costumes diferentes respeitando suas histórias. Quando não se tem oportunidade, é muito fácil perder a esperança.”

Fotos: Hick Duarte
Styling: Yasmine Sterea
Beleza: Jake Falchi e Jô Portalupi (Thinkers Mgt)
Produção executiva: Octávio Duarte
Assistente de produção executiva: Patríck Ferreira
Coordenação: Monica Borges e Jhonata Fernandes
Set design: João Arpi
Produção de moda: Luiz Freiberger e Milena Recciaedi
Produção de joias: Paty Grunheidt
Assistente de fotografia: Edson Luciano e Lucas Malagogi