• Sarah Raphael e Naomi Shimada
Atualizado em
Sarah Raphael e Naomi Shimada (Foto: Kathryn Deem (Condé Nast))

Sarah Raphael e Naomi Shimada (Foto: Kathryn Deem/Condé Nast)

À medida que o Instagram continua testando "curtidas" invisíveis em países selecionados como Austrália, Japão, Irlanda e Brasil, as empresas digitais estão examinando os efeitos negativos do comportamento on-line na saúde mental e na auto-estima de forma mais próxima do que nunca - e com razão. Desde que o botão "curtir" foi introduzido pela primeira vez pelo Vimeo em 2005, com o Facebook lançando-o como uso comum em 2009, os relatórios mostram que os jovens agora estão vinculando a autoestima ao número de curtidas que um post na rede social recebe.


Ainda há um caminho pela frente no Twitter, Facebook e em outras plataformas de rede social em termos de abordar publicamente as responsabilidades deles em relação ao bem-estar emocional de seus usuários, e é por isso que a escritora e editora Sarah Raphael e a modelo, escritora e ativista Naomi Shimada assumiram o problema. Em setembro, a dupla escreveu o livro Mixed Feelings: Exploring the Emotional Impact of our Digital Habits (Sentimentos Mistos: Explorando o Impacto Emocional de nossos Hábitos Digitais), uma coleção de ensaios pessoais e conversas honestas sobre como a Internet está afetando os sentimentos das mulheres, algo escrito por especialistas digitais internacionais, criativos, ativistas e médicos do Reino Unido que todos têm uma coisa em comum no que diz respeito à rede social: eles a amam, odeiam, não conseguem sair dela. Raphael e Shimada decidiram compartilhar então cinco maneiras de sair da bolha digital e reconstituir alguns hábitos on-line inúteis, sem dar as costas às mídias sociais completamente.

1. Julgue, seja julgado

Quando o Instagram começou em 2010, a plataforma foi usada para postar fotos de natureza morta, comida e férias cênicas, que os seguidores simplesmente poderiam dar um 'curti', ou não. Nove anos depois, ele evoluiu para se tornar uma plataforma de marca pessoal - agora são os rostos, os corpos, as opiniões políticas e as conquistas profissionais das pessoas que são consideradas “curtíveis” ​​ou não. O nascimento da cultura dos "influencers" em 2014 intensificou essa atitude de julgamento estabelecendo uma hierarquia entre o insta-famoso e o insta-leigo. Quantas vezes rotulamos alguém internamente como vaidoso ou privilegiado com base no conteúdo on-line que posta? Como disse o filósofo Eckhart Tolle no podcast SuperSoul Conversations de Oprah: "O que mais fortemente condenamos nos outros é geralmente algo que também temos - uma característica da qual não temos consciência em nós mesmos". Tolle diz que toda vez que nos sentimos superiores ou inferiores, isso é o nosso ego. Reserve um momento para a auto-reflexão e pense sobre o que está motivando suas reações conforme rola a tela.

2. Sua aparência, na verdade, não é essa

Segundo uma pesquisa feita por cirurgiões plásticos, uma fotografia tirada ao comprimento do braço pode fazer com que seu nariz pareça 29% maior. Enquanto isso, ferramentas de edição de fotos como o Facetune, o aplicativo pago mais popular da Apple em 2017, oferecem aos usuários a oportunidade de diminuir o nariz. Suas selfies - e a de outros com as quais você pode se comparar - são tão representativas quanto um espelho distorcido.
Considere a maneira que o ato de tirar uma selfie realmente faz você se sentir. Se isso parecer uma ferramenta positiva para documentar sua experiência e se expressar, então, continue. Se, no entanto, as selfies exacerbarem suas ansiedades ou incitarem novas, lembre-se: você não precisa tirá-las. Tirar selfies tornou-se quase instintivo para a geração digital - a geração do milênio tira em média 25.000 durante a vida - mas nunca é tarde demais para ressignificar esse instinto. Você pode descobrir que sua autoconfiança melhora quando você para de se examinar no telefone.

3. Vamos viajar com consciência

O Instagram transformou a maneira como viajamos, desde o fato de encontrar praias sem turistas até aqueles hotéis longe dos holofotes. Embora esse influxo de turismo possa ter um impacto positivo na economia e nas taxas de emprego, isso também levou à superlotação, degradação ambiental e façanhas perigosas, rendendo várias mortes por selfie nas redes sociais amplamente divulgadas, mostrando até onde que as pessoas vão para tirar aquela foto. “Muitas pessoas ainda são muito motivadas pelo ego; elas querem retratar que estão vivendo algum tipo de vida perfeita,” disse o fotógrafo Trey Ratcliff à National Geographic.
Viajar com mais atenção é fundamental. Pare para refletir sobre a ética do retrato e como você está retratando o local e as pessoas na foto. Isso também pode ajudar a estar presente e diminuir essa pressão para competir com outras pessoas online. Pergunte a si mesmo: "Se eu não pudesse tirar uma foto, eu ainda estaria aqui?" - se a resposta for não, reconsidere sua viagem.

4. Seus interesses românticos não viverão de acordo com seus perfis de namoro, e nem você

O uso de aplicativos de namoro em busca de um romance moderno não está indo a lugar algum, com a Hinge relatando um aumento de 400% de novos usuários desde 2016 e o Bumble superando a marca de 55 milhões de usuários registrados em 2019. E as chances são de que, se você usou um aplicativo de namoro, você pesquisou seu “match” nas mídias sociais ou antes ou depois do namoro. É um jogo difícil de resistir, mas com que frequência a perseguição on-line produziu resultados positivos? Mais frequentemente, isso leva a esses mesmos sentimentos de inferioridade ou superioridade. Depois de anos divulgando nossos 'melhores eus' online, é fácil cair na armadilha de realidade do Instagram, em vez de enxergar o mundo cuidadosamente selecionado que ele é. Ao iniciar um relacionamento via comunicação digital, lembre-se: o que você vê nos perfis da rede social é, na melhor das hipóteses, uma meia verdade. A outra metade é com quem você estará em um relacionamento.

5. Os efeitos positivos na saúde mental são pouco relatados ou valorizados

Más notícias vendem, principalmente quando se trata da rede social. Muitos artigos se concentram nos efeitos negativos que o Instagram tem sobre sono, a ansiedade, depressão e o bem-estar físico, principalmente à luz de hashtags perigosas usadas para promover a auto-mutilação. No entanto, existem muitas comunidades do Instagram que promovem a cura, a autoestima e o bem-estar mental positivo. Preencha seu feed com essas contas - elas transformarão sua experiência. A Big White Wall é uma rede de suporte on-line segura e anônima com profissionais treinados. Desde sessões de perguntas e respostas ao vivo entre médicos até o compartilhamento de dicas úteis sobre como gerenciar o estresse, as postagens regulares da conta são inclusivas e atenciosas. A Fundação Blurt dedica-se a oferecer suporte multimídia 24 horas para pessoas com depressão, enquanto o The Holistic Psychologist publica informações práticas sobre curas de uma forma que todos consigamos nos identificar: memes.