• Redação Vogue
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 O impacto da pandemia do coronavírus na indústria cinematográfica (Foto: Maria Svarbova, Human Space)

O impacto da pandemia do coronavírus na indústria cinematográfica (Foto: Maria Svarbova, Human Space)

Já imaginou um filme estrear no cinema e, depois de três semanas, poder assistí-lo em casa? Pois é exatamente isso que a Universal Pictures e a AMC Entertainment pretendem fazer. O acordo, anunciado nesta última terça-feira, dá à Universal o direito de disponibilizar seus filmes por meio de um streaming premium depois de 17 dias de exibição nos cinemas da AMC - a norma atual da indústria é de 90 dias. Para se ter uma ideia, o estúdio é dono de franquias de sucesso como "Velozes e Furiosos" e "Jurassic World" e a AMC é dona de mais de 8000 salas só nos EUA. É fato que nenhuma experiência se compara às telonas do cinema, mas essa aceleração e flexibilidade na distribuição de filmes promete mudar completamente a lógica de Hollywood - e com certeza terá impacto direto nas bilheterias.  

A previsão é que os cinemas americanos da AMC reabram em meados de agosto, mas esse cronograma já foi adiado mais de uma vez.  A Universal, por sua vez, está com a programação congelada até outubro, mês em que deve sair "Candyman", um remake do clássico de terror, dirigido por Nia DaCosta e co-escrito e produzido por Jordan Peele.

A questão de exclusividade de exibição no cinema já vem sendo discutida há algum tempo, mas as grandes redes nos EUA, como Cinemark, ainda são bem resistentes às mudanças. Não por acaso, serviços de streaming como Amazon e Netflix continuam crescendo e dominam o entretenimento atual. 

Desde que a pandemia do coronavírus fechou os cinemas em meados de março, alguns estúdios optaram por vender filmes de menor orçamento para serviços de streaming em vez de esperar o retorno incerto dos cinemas. A Warner Bros, por exemplo, passou a animação Scoob para o serviço de streaming da HBO Max. Já a Sony Pictures vendeu Greyhound, um drama da Marinha da Segunda Guerra Mundial escrito e estrelado por Tom Hanks, para a Apple TV +. Isso, por si só, já mostra uma flexibilização no conteúdo e uma mudança de comportamento no jeito que consumimos cinema. Espera-se que outros grandes estúdios, como a Paramount Pictures também façam adaptações. 

Impotante lembrar que a Netflix já tenta uma brecha nos cinemas físicos há um tempo. No ano passado, por exemplo, para poder concorrer ao Oscar, o filme de Martin Scorsese, O Irlandês, ficou em cartaz nos cinemas independentes americanos por 26 dias antes de entrar para o catálogo digital de 158 milhões de assinantes. De acordo com o jornal The New York Times, naquela época, a Netflix estava disposta a oferecer uma janela de exclusividade de 45 dias nos cinemas físicos, mas os grandes conglomerados não estavam dispostos a descer dos 60 dias mínimos. Hoje, a plataforma já possui uma base de 183 milhões de assinantes ao redor do mundo, número que só tende a crescer.