• Mariana Inbar
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FILE PHOTO: Madonna at the GQ awards at Radio City Music Hall in New York City October 21, 1999. (Photo by Diane Freed) (Foto: Getty Images)

"Ray of Light", da Madonna, completa 20 anos(Foto: Getty Images)

Há exatos 20 anos, em 03.03.1998, Madonna lançava mundialmente Ray of Light, o álbum mais aclamado de sua carreira - tão bem recebido por público e crítica que lhe rendeu, pela primeira vez, um Grammy de álbum pop do ano. Ele marca, não por coincidência, o primeiro trabalho da cantora após a maternidade, que é justamente o que mais influencia essa sua nova fase, assim como seu então recente contato com a kabbalah, hinduísmo, budismo, yoga ashtanga e meditação - do som mais maduro ao seu visual, que tirava o protagonismo do discurso de liberdade sexual explorado pela cantora até então.

A sua fase Ray of Light foi uma das mais ricas visualmente de sua carreira, demonstrando claramente seu poder de reinvenção constante (uma ideia que, segundo ela, quem lhe apresentou foi o fotógrafo Steven Meisel): para um só álbum ela desdobrou-se em diversas personagens, fosse usando referências de diversas culturas ou despindo-se de montações elaboradas, focando em uma beleza mais limpa e cabelos naturais. Para celebrar as duas décadas do lançamento do álbum, relembramos os visuais mais cruciais da cantora nessa reta final dos anos 90, logo antes do estouro de outro fenômeno pop Britney Spears que construiu uma carreira revisitando justamente tudo o que Madonna já havia feito até então.

Ray of Light foi lançado com Frozen, que apresentava uma Madonna de cabelos negros, lisos e compridíssimos. O videoclipe, dirigido por Chris Cunningham (famoso por seu trabalho com artistas de música eletrônica), gira inteirinho em torno de um vestido preto usado pela cantora, que vira o centro de uma sequência impressionante de efeitos especiais, premiados com um VMA da MTV. A peça foi criada por Olivier Theyskens exclusivamente para o clipe, que popularizou a tatuagem Mehndi, feita com henna indiana, que adornava as mãos da canotra e virou uma febre mundial. A tattoo é bastante usada em casamentos indianos e tem fortes conotações religiosas, simbolizando a transformação, a expansão da família e o crescimento da prole. Nessa época, era comum ver Madonna usando a tatuagem Mehndi em diversas versões, combinada com maquiagens que faziam referências à cultura indiana.

Se em Frozen Madonna deixou de lado o visual ultrasexy e carregado de seu passado, o clipe de Ray of Light, dirigido por Jonas Akerlund, veio apenas confirmando essa ideia. Usando uma simples regatinha branca ou uma jaqueta jeans simples combinada com calça preta de cintura bordada de paetês, ela definitivamente nos apresentava sua fase mais minimalista até então. Novamente loira, seus cabelos longos tinham aspecto mais natural, texturizado e com cachos despencados.

Os cabelos soltos com risca central, aliás, foram uma imagem marcante da cantora, coroando a estética do fim de uma década e do início de outra, reinventando inclusive um pouco do visual grunge.

Ray of Light, da Madonna, completa 20 anos (Foto: Getty Images)

"Ray of Light", da Madonna, completa 20 anos (Foto: Getty Images)

Em uma premiação da Billboard nessa época, Madonna apareceu com o blush marcado, sombra cintilante e gloss super brilhante, oficializando o visual que todas as meninas adotaram no início dos anos 2000.

373548 01: Madonna attends the 11th Annual Nickelodeon Kids'' Choice Awards April 4, 1998 in Los Angeles, CA. (Photo by Brenda Chase/Online USA) (Foto: Getty Images)

"Ray of Light, da Madonna, completa 20 anos (Foto: Getty Images)

Os cabelos naturais, soltos e compridos permanecem no videoclipe de Drowned World/Substitute for Love, em que ela novamente aparece de regata podrinha, calça Saint-Tropez e, dessa vez, cinto de corrente.

A calça capri de cintura baixíssima e corte relaxado foi outra assinatura de Madonna no final dos anos 90.

6/10/99 West Hollywood, CA. Madonna at the DGA Theater for the premiere of "An Ideal Husband," benefiting The LIFE Foundation. Photo by Brenda Chase/Online USA, Inc. (Foto: Getty Images)

"Ray of Light", da Madonna, completa 20 anos (Foto: Getty Images)

O clipe seguinte, The Power of Goodbye, traz Madonna de volta aos cabelos negros, agora mais curtos e ondulados, fazendo par romântico com o ator croata Goran Višnjić, em seu visual mais glamuroso dessa era até então. Nunca uma fase da cantora colocou tanto em evidência sua beleza, sua radiância interior, que informam sua maquiagem, seus penteados e até seu styling, que agora prima pela discrição. Essa ideia de diminuir o volume dos looks para colocar a sonoridade em primeiro plano é arma infalível para cantoras da cena pop até hoje - pense Lady Gaga em Joanne.

A sequência de clipes de Ray of Light foi encerrada com Nothing Really Matters, que traz Madonna como uma gueixa moderna, de cabelos pretos lisíssimos na altura do ombro, quimonos finalizados com obis de vinil assinados por Jean Paul Gaultier e maquiagem flúo em algumas sequências.

O clipe foi inspirado no livro Memórias de uma Gueixa, enquanto a música foi inspirada pelo relacionamento da cantora com sua filha Lourdes Maria então com dois anos. A ideia de intepretar uma gueixa no clipe, segundo Madonna, era uma metáfora com sua profissão de artista: "Por um lado, você é privilegiada por ser uma gueixa, por outro é uma prisioneira", explicou na época. A "Madonna Gueixa", aliás, foi o look que informou parte de sua turnê seguinte, a Drowned World Tour, além de apresentações em premiações diversas.

Maternidade, espiritualidade e música eletrônica: Ray of Light foi o fim de uma era do pop, mas uma que fechou, realmente, com chave de ouro.

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