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Letícia Bufoni (Foto: Reprodução / Instagram)

Letícia Bufoni (Foto: Reprodução / Instagram)

Uma das maiores skatistas do mundo, a brasileira Letícia Bufoni irá viver um desafio único nas Olimpíadas de Tóquio. Ela irá representar o Brasil pela primeira vez nos Jogos agora que o esporte se tornou uma modalidade olímpica.

“O skate sempre foi visto como coisa de maloqueiro, nunca teve o respeito necessário. Mas, desde 2016, foi reconhecido como um esporte olímpico. Toda vez que falo sobre o assunto fico nervosa, a mão começa a suar. Só sei que quando chegar a hora vou encarar como uma competição normal”, afirmou ela em uma live no Instagram da Vogue Brasil.

“Claro que em um campeonato comum não temos uma nação inteira assistindo. Vai ser uma pressão bem maior. É a realização de um sonho, mas não tenho dúvidas de que traremos várias medalhas e que iremos representar o Brasil muito bem”, continuou.

Letícia começou a andar de skate quando tinha entre 9 e 10 anos de idade com amigos da rua onde morava na zona leste de São Paulo. No início, ela tinha apoio apenas da mãe e da avó.

“Meu pai odiava porque eu era a única menina. Ele achava que eu tinha de ficar em casa brincando de boneca com minhas irmãs mais velhas”, lembrou.

“Ele me colocou de castigo várias vezes, mas eu costumava fugir. Até que um dia ele ficou tão bravo que serrou meu skate ao meio. Foi a maior decepção da minha vida, fiquei arrasada”, contou.

Apesar da tristeza, um dia depois Letícia conseguiu juntar várias peças com seus amigos e montou um novo skate. “Aí, meu pai viu o que fiz e disse ‘não vai ter jeito, né?’. Depois deste dia ele passou a me apoiar muito. Foi meu pai quem me levou para uma pista de skate e, também, para o meu primeiro campeonato”.

Quando se tornou uma referência no Brasil aos 14 anos, Letícia ganhou um convite para participar do X Games, maior evento de esportes radicais do Mundo, em Los Angeles. O problema foi conseguir apoio financeiro de seus patrocinadores, pois eles a consideravam muito nova.

“Meu pai insistiu para que eu fosse e viajou comigo. Foi graças a ele que consegui vivenciar aquela experiência. Se não fosse por ele eu nem sei se estaria aqui hoje”, argumentou.

CATEGORIA FEMININA
Ser uma mulher num esporte que era dominado por homens até poucos anos atrás não foi fácil para Letícia. Mas ela vê avanços.

“No começo da minha carreira sofri por ser mulher, mas, conforme o tempo, fomos ganhando espaço”, afirmou. No entanto, poucas mulheres ainda conseguem viver exclusivamente do skate. “Talvez somente as 10 primeiras do ranking”, lembrou.  “Eu fui uma das pioneiras a ter patrocínio fora do skate, acredito que há muito a ser melhorado”.