• Gabriela Bardusco (@gabibardusco)
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Emilly Nunes usa Fernanda Yamamoto em foto de Hick Duarte e edição de moda de Pedro Sales (Foto: Hick Duarte)

Emilly Nunes usa Fernanda Yamamoto em foto de Hick Duarte e edição de moda de Pedro Sales (Foto: Hick Duarte)

“Para mim é acreditar, ter fé e confiar”, responde Emilly Nunes quando questionada sobre o significado da ‘esperança’ em sua vida. A modelo, de apenas 22 anos, nascida na capital do Pará e criada na Ilha de Marajó, depois de fascinar à todos com seus traços tipicamente brasileiros - herdados da descendência indígena que possui -, se tornou a mais nova aposta da principal agência do ramo na América Latina, a Way Model, de Anderson Baumgartner.

Apesar de já ter considerado algo distante de sua realidade, o sonho de seguir carreira no mercado fashionista sempre esteve presente no coração da bela. “Tudo começou pela minha mãe. Sempre tive ela como meu espelho. Ela participava de concursos de beleza, então eu sempre usava os seus saltos e dizia que queria ser modelo”, relembra a estrela de uma das capas de setembro da Vogue Brasil durante entrevista exclusiva.

Emilly Nunes (Foto: Hick Duarte)

Emilly Nunes (Foto: Hick Duarte)

Desse modo, depois de ser descoberta pelo Instagram, a jovem então deixou de lado a rotina como vendedora de chips para celulares nas ruas de Belém, e começou a trilhar seu caminho rumo ao status de nome do momento na moda nacional. Em pouco tempo de carreira, Emilly já foi a escolhida para protagonizar trabalhos para algumas das principais marcas do país, como, por exemplo, Animale, Lenny Niemeyer, Carlota Costa, Giuliana Romano e Natura, além de brilhar duas vezes como ‘cover girl’ da versão brasileira da Vogue.

“Eu trago no meu sangue as raízes indígenas, desde as minhas tataravôs, que eram da etnia Aruãs. Está na minha essência, meus traços falam por si só”, comenta a top sobre a beleza marcante que vem dando o tom na moda e abrindo portas em seu caminho.

A herança da família é importante na vida de Emilly não só em questões estéticas, mas como também em seus hábitos. Até hoje, a modelo – que se mudou há pouco tempo para São Paulo - segue realizando tradições típicas de seus antepassados indígenas, como produzir farinha de mandioca caseira e, quando possível, indo à mata colher açaí e bacuri. O crescente sucesso na vida profissional vem sendo usado, também, para apoiar sua comunidade de maneira mais efetiva. “Quero poder dar voz ao meu povo e ajudar com esta visibilidade [que tenho ganho], afinal, poucos deram a devida importância aos índios”, pontuou enfática, a top que acompanha atenta a luta da população amazônica. “Participo de um movimento social chamado "Tudo Por um Sorriso", que acontece em Soure, na Ilha de Marajó, e fazemos doações de cestas básicas para pessoas vulneráveis levando, assim, um sorriso para quem mais precisa”, acrescentou, por fim.

EMILLY NUNES (Foto: Vogue Brasil)

EMILLY NUNES (Foto: Vogue Brasil)

Quando questionada sobre como enxerga o futuro do mercado fashionista depois da crise do coronavirus, Emilly é direta: “Nada será como antes”. A modelo revelou que acredita que as pessoas precisam, cada vez mais, repensar sobre o descarte excessivo de maneira à respeitar mais o meio-ambiente: “É difícil dizer como será o pós-pandemia, mas com certeza estamos todos reavaliando muitos dos nossos valores”.

O editorial que ilustra a matéria, realizado em Manaus e seguindo o conceito de ‘Esperança’, teve um significado especial para Emilly. “Foi incrível, uma experiência maravilhosa”, relembra a modelo. “As fotos tiveram um significado único, porque consegui mostrar um pouco das minhas raízes, trazendo representatividade à mulher da Amazônia”, finalizou emocionada.

Os próximos passos da bela, por sua vez, é conseguir ultrapassar e transcender as barreiras das nações e despontar profissionalmente em outros cantos do mundo. “Atualmente, tenho focado bastante no estudo do inglês, porque meu principal objetivo é começar a carreira internacional e fazer trabalhos para marcas do exterior”, explica. “Quero poder representar as raízes indígenas no mercado internacional e levar o nome e a cultura do meu povo cada vez mais longe”.