• anita porfirio (@nitafp)
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Paris Jackson, nossa capa de janeiro, não depila as axilas (Foto: Getty Images)

Paris Jackson, nossa capa de janeiro, não depila as axilas (Foto: Getty Images)

Desde quando você depila suas axilas? E por que começou? São perguntas banais, mas que nem sempre têm uma resposta clara na nossa cabeça, e que entraram em pauta recentemente por um movimento de mulheres que pararam de remover os pelos da região. 

"Foi meio por acaso na verdade", conta a beauty artist Renata Brazil, "morava no Rio e mudei para São Paulo. Com o inverno, acabei desencanando e, um belo dia, me percebi sem depilar porque uma mulher no metrô reagiu quando eu levantei os braços para me apoiar." Autoproclamada cabeluda – "tenho muitos pelos, muitos!" –, Renata já foi da turma que não pula agendamentos com a depiladora e criticava a mãe, mais liberal no quesito. Hoje, os papéis se inverteram e é ela que recebe cutucadinhas engraçadas: "quando quer dar uma provocada, ela fala que estou parecendo meu pai!", ri. 

As inocentes axilas são estrelas de muitas outras anedotas cômicas, como quando, em um set de fotografia de moda, viraram motivo de debate por serem cobertas de pelos muito lisos. "Não acreditavam quando eu dizia que não era chapinha", se diverte, "mas eu nunca fiz nada com os pelos, só aparo de vez em quando."

Embora tudo tenha começado de forma casual, a carioca entende hoje que sua opção é sim uma forma de militância e empoderamento, mas não é sobre certo e errado. "No começo, era apenas pelo conforto mesmo, mas hoje entendo que tem uma mensagem de libertação da mulher, o que não significa que eu ache errado depilar: a ideia é que cada uma faz o que quiser, quando tem vontade. Amanhã, posso querer depilar, quem sabe?"

Parte da mesma "gangue" de profissionais da beleza, Amanda Schön traçou um caminho quase inverso, mas com uma posição bastante similar quanto à mensagem das axilas felpudas. "Faz uns três anos, acho, que parei de depilar. Foi uma fase de autodescoberta, em que raspei os cabelos, quis desconstruir toda essa imagem padrão de feminilidade. Hoje, é mais pela praticidade e pelo costume."

Com uma filha de 12 anos, Alice, Amanda sente a necessidade de ter o diálogo sobre a liberdade de escolha da mulher ser e se comportar como deseja. "Ela está em uma fase que sofre provocações, principalmente de meninos, pelas mudanças naturais da adolescência. Converso muito com ela sobre esses temas. No começo, ela estranhava, hoje acha o máximo eu e minhas amigas."

A garota é prova viva de que uma coisa não exclui a outra. "Ela adora maquiagem, adora ter cabelão, e com a família, em São Bernardo do Campo, é super princesa", comenta Schön, "mas é também jogadora de basquete federada e bate de frente com quem quer que seja. Quero que ela faça o que a faz se sentir bem."

Renata Brazil e Amanda Schön (Foto: Reprodução/Instagram)

Renata Brazil e Amanda Schön (Foto: Reprodução/Instagram)

Higiene e saúde
Embora as entrevistadas tenham dito que muitas pessoas criticam a decisão por ser algo sujo, o hábito de não depilar as axilas não interfere em absoluto na higiene pessoal. Segundo a dermatologista Anna Cecília Andriolo, a função dos pelos das axilas é diminuir o atrito local, reduzindo a chance de irritações e de escurecimento da região.

"A escolha entre deixar os pelos das axilas ou removê-los é inteiramente do indivíduo", afirma a especialista, que recebe coro da colega de profissão Vivien Yamada: "não há nenhuma contraindicação [em não depilar] e pode ser benéfico em alguns casos de pelos encravados, uma vez que o processo ocorre no insucesso da saída da haste do pelo pelo orifício do folículo."

Se formos analisar do ponto de vista médico, a depilação frequente apresenta muito mais riscos do que a não-depilação. Se os pelos podem, eventualmente, acumular sebo natural e favorecer o acúmulo de bactérias – o que causa mau cheiro, resolvido com higiene apropriada –, os diversos métodos de remoção trazem riscos não só para a estética, como para a saúde. Lâminas aumentam a irritação da região, além de causar microcortes que podem abrir caminho para infecções. A remoção com cera favorece o surgimento de pelos encravados, resultado da obstrução do folículo e impossibilidade do fio chegar à superfície. Toda depilação é uma agressão à região já sensível e ainda pode levar ao escurecimento da pele e formação de manchas. 

Madonna e Lourdes Maris aparecem com frequência com as axilas sem depilar (Foto: Reprodução/Instagram)

Madonna e Lourdes Maris aparecem com frequência com as axilas sem depilar (Foto: Reprodução/Instagram)

Caso opte pela depilação, o ideal é investir no laser, que destrói os bulbos capilares a longo prazo, ou pelas máquinas de corte, que não irritam a pele. Mesmo assim, há desvantagens: o laser é caro e exige várias sessões para um resultado satisfatório, além de não funcionar em pelos claros. Já a máquina não faz cortes tão rentes, deixando a região áspera. 

Se decidiu abandonar o hábito, basta seguir com uma rotina de higiene e cuidados. As dermatologistas indicam lavar a região duas vezes ao dia, principalmente no verão, com o sabonete antisséptico funcionando como bônus para quem tem problemas com mau cheiro. Aparar os pelos é opcional, mas por comodidade e até conforto, recomenda-se com alguma frequência. 

Esfoliação pode ser indicada para pessoas com histórico de oclusão folicular, mas não todos os dias. Já o desodorante que se usa é o mesmo de sempre: para peles sensíveis, melhor roll-on cremoso e sem fragrância. Para quem tem hiperidrose, os com base de álcool e sais de alumínio. 

Ir além e colorir os fios com os tons do arco-íris também é uma ideia trabalhada por algumas mulheres. O importante é lembrar que, para atingir um efeito bacana, muitas vezes é preciso descolori-los, o que agride a pele, principalmente as mais sensíveis. 

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